O bom desenvolvimento do pé de café começa antes do plantio, já na germinação da semente. Para garantir mais eficiência nessa fase, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) investigaram a aplicação de campo magnético na germinação das sementes do fruto. E o resultado é promissor. Com uma técnica simples e acessível, a exposição ao magnetismo encurtou o tempo de germinação da semente e contribuiu para o crescimento de mudas mais produtivas.

No processo convencional, a geminação ocorre no prazo de 30 dias. A inovação permitiu reduzir para 20 dias, período em que o embrião da muda atinge, pelo menos, um milímetro de comprimento. Para chegar a esse resultado, o pesquisador Roberto Luiz Azevedo e o professor do Departamento de Automática (DAT) da UFLA, Roberto Alves Braga  Jr., submeteram sementes de café arábica ao campo magnético criado por um eletroímã, durante seis dias, dentro de germinadores. Eles desenvolveram uma bobina com ímãs usados em caixas de som.

“Outros estudos já apontavam a preferência do campo magnético por alguns íons de cálcio, que, nas sementes, ajudam na germinação. A partir daí, criamos a técnica para o café, que permitiu uma melhora na permeabilidade das membranas celulares do fruto, além de promover uma germinação mais rápida e uniforme das sementes”, explica Roberto Luiz Azevedo.

O físico Roberto Alves Braga  Jr. conta que a magnetização é suficiente para reduzir a dormência da semente, independente dos valores do campo magnético. “Desenvolvemos o eletroímã para controlar o tamanho e a quantidade do campo magnético capaz de sensibilizar a semente, na intensidade suficiente para ativar os elementos internos dela a ponto de germiná-la melhor”, esclarece.

Mais produtividade

Uma das maiores dificuldades na produção de mudas de café para o plantio é o longo período de germinação das sementes. Por isso, a descoberta traz perspectivas de lucratividade para cafeicultores e produtores de mudas. Mais sementes de café de um lote se tornaram viáveis por menos dias com o bombardeamento de carga elétrica. “Se o produtor rural plantar a semente e ela não germinar, ele perde tempo, trabalho e dinheiro. Essa melhoria pode aumentar a produtividade no plantio e, consequentemente, a renda”, ressalta Roberto Alves Braga  Jr.

E tem mais: a técnica é de baixo custo. “A pesquisa mostrou que não é necessário equipamento sofisticado para a germinação. O produtor rural pode usar ímãs de microondas na magnetização da semente dentro da propriedade”, aponta. Mas como a maioria das sementes é adquirida em viveiros, o professor reforça a importância de comprar mudas em produtores de sementes de segurança.

Sementes sadias

O estudo surgiu da observação do professor do Instituto Federal do Sul de Minas, Campus Machado, Roberto Luiz Azevedo. Em seu sítio, a plantação de vegetais crescia mais vigorosa perto da linha de transmissão de eletricidade. Então, para o programa de doutorado da UFLA, ele propôs estudar a aplicação do magnetismo na germinação do café. Além da rapidez na geminação do fruto queridinho dos brasileiros, as folhas da planta do café também ganharam um verde mais vivo. “Isso indica que o índice de clorofila pode ser maior com o uso de magnetismo. Mas ainda não levantamos o seu teor na planta”, disse.

A pesquisa também foi produzido por Renato Mendes Guimarães e Leandro Vilela Reis, ambos do Departamento de Agricultura da UFLA. 

 

 

 

Reportagem: Pollyanna Dias, jornalista- bolsista 

Edição do vídeo: Eder Spuri – Comunicação / UFLA