A primeira tese de doutorado realizada em cotutela entre o Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA) e a Université Paris-Saclay, na França, foi defendida no final de abril. A tese analisa soluções de mobilidade urbana em estágio maduro de implantação na Europa, avaliando sua possível aceitação pelos usuários brasileiros. O doutor Rodrigo Marçal Gandia desenvolveu a pesquisa sob a orientação do professor da UFLA Joel Yutaka Sugano e da docente francesa Isabelle Nicolaï.

De acordo com Rodrigo, quando se fala em futuro da mobilidade, as inovações tecnológicas são baseadas geralmente no uso difundido de veículos conectados e compartilhados, bem como em veículos autônomos, o que conduz a uma reflexão sobre a definição de mobilidade urbana sustentável nas cidades do futuro. “Além dessas tecnologias, estão sendo desenvolvidas outras soluções que devem fazer parte de um sistema global de mobilidade urbana, a exemplo do conceito de Mobilidade como Serviço (MaaS)”, acrescenta. Analisar a implementação e a aceitação desse conceito no sistema de mobilidade das cidades brasileiras foi o principal objetivo da pesquisa.

O conceito de Mobilidade como Serviço apresenta uma transição do sistema de transporte baseado na posse de um produto (como a compra de um carro, por exemplo) para o acesso e sua utilização. Sistemas de MaaS oferecem diversas opções de transporte (público e privado) aos usuários, por meio de um provedor de serviços com interface única, proporcionando, assim, um pacote de mobilidade personalizado. “Essa abordagem coloca o usuário no centro de aspectos relacionados ao transporte. As inovações envolvidas na mobilidade urbana são tecnológicas, mas também sociais e organizacionais”, explica Rodrigo.

Além disso, sistemas de Mobilidade como Serviço são “multi-atores”, ou seja, requerem a coordenação de cada envolvido na cadeia de valor para desenvolver e disseminar essas inovações. Rodrigo ressalta que, “até o momento, como qualquer inovação, o MaaS é uma fonte de incerteza para os mercados. Além disso, as implantações do sistema estão concentradas principalmente em países desenvolvidos com modelos de transporte público eficientes”.

O MaaS no Brasil

Esse modelo é muito utilizado na Europa e em países da América do Norte. Como ainda não existe no Brasil, a pesquisa procurou avaliar a aceitação e o perfil dos usuários brasileiros que aprovariam e teriam pré-disposição para utilizar a mobilidade como um serviço. “Conseguimos identificar que não são todas as pessoas que utilizariam a mobilidade como um serviço.” Para chegar a esse resultado, foram utilizadas técnicas estatísticas para a identificação de esses perfis. Rodrigo explica que, para a aceitação dos brasileiros, seria necessário “tropicalizar” o modelo, ou seja, trazê-lo para a realidade do comportamento brasileiro.

Rodrigo conclui que o desenvolvimento técnico dos veículos autônomos, por si só, não é a solução para a mobilidade urbana no Brasil. “Identificamos que outras formas de mobilidade, outros tipos de transporte, poderiam surtir efeito para suprir a necessidade de um transporte público eficiente aqui no Brasil. Se utilizássemos, dentro de um modelo de mobilidade ou serviço, um modelo como uma carona, por exemplo, seria possível preencher a deficiência de transporte público eficiente.”

Assim, o modelo inovador de um ecossistema de negócios do MaaS deve considerar a aceitação do consumidor e os modais de transporte que se ajustam ao contexto específico estabelecido. A implementação dos Veículos Autônomos deve atuar em contextos específicos, considerando o nível político-social e as demandas dos usuários inseridos no ecossistema do MaaS.

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A tese, intitulada “Innovation in ecosystem business models: an application to MaaS and autonomous vehicles in urban mobility system”, foi defendida de forma 100% remota devido à pandemia do novo coronavirus, com a participação de docentes do Brasil e da França.

Rodrigo cursou parte de seu doutorado em Paris, desenvolvendo a pesquisa no Laboratorie de Genie Industriel (LGI). Além da experiência acumulada na estadia no exterior, o pesquisador teve oportunidade de apresentar diversos artigos pela Europa, levando o nome da UFLA para países como Finlândia, Portugal, Espanha e França.

A pesquisa também foi premiada no XXII Seminário em Administração - SemeAd 2019

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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