Por Denise Borges

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da UFLA


A maioria das pesquisas no Brasil são desenvolvidas dentro das universidades, principalmente por meio dos programas de pós-graduação. São trabalhos das equipes de pesquisa, de mestrado e doutorado que geram conhecimentos capazes de contribuir para o desenvolvimento econômico, ambiental e social do País.

Só na Universidade Federal de Lavras (UFLA) há 43 programas de pós-graduação. Entre eles, está o Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA), criado em 1975 como um dos primeiros programas de pós-graduação da Universidade, quando essa ainda era denominada Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL). Surgia, naquele momento, o mestrado em Administração Rural que, ao longo de sua história, transformou-se no curso de mestrado e doutorado em Administração, que recebe e forma, anualmente, dezenas de mestres e doutores. Os pós-graduandos desenvolvem, constroem conhecimento e são preparados para atuar em diversas áreas da Administração e da Administração Pública, como pesquisadores, docentes, consultores, gestores públicos, administradores de empresas e profissionais competentes em suas áreas específicas.

Pensando nessas contribuições que o PPGA tem proporcionado à sociedade ao longo de seus 46 anos, os coordenadores decidiram unir as práticas de pesquisa às práticas de gestão do programa em um projeto que pudesse contar a história do PPGA. Busca-se apresentar o contexto de sua criação, os desafios para a construção do programa, os professores que fizeram parte desse processo, tudo isso com o intuito de compreender a essência histórica do PPGA para buscar melhorias futuras para o programa, por meio de uma reestruturação compartilhada em um novo planejamento estratégico.

Esse projeto será realizado por intermédio da minha tese de doutorado, com orientação da professora Mônica Cappelle e coorientação do Professor Daniel Rezende, mediante uma metodologia participativa conhecida por pesquisa-ação. Essa metodologia pressupõe a formação de grupos entre as pessoas envolvidas com o assunto, para que possam participar em equipe, opinando, sugerindo melhorias, expondo suas críticas e, assim, criando coletivamente as ações futuras do programa, a fim de ampliar seu impacto na cidade, na região e mesmo no País.

As ações serão amplamente discutidas e debatidas pelos grupos de pesquisa-ação e, posteriormente, compiladas na forma de um planejamento estratégico do PPGA para os anos futuros. Os grupos serão formados por alunos de mestrado e doutorado, estudantes de graduação, ex-alunos do programa, técnicos administrativos, professores e coordenadores do PPGA, para que todas as pessoas envolvidas com a pós-graduação em Administração da UFLA possam contribuir para os novos caminhos do programa.

Também participarão do projeto ex-coordenadores do PPGA que ajudaram na sua construção desde a década de 70. Ao relembrarem e contarem sua história, evidenciarão as dificuldades encontradas pelos pioneiros desse importante programa de pós-graduação da Universidade, bem como apresentarão todas as contribuições dadas por eles.

O projeto, além de abrir portas para o debate na pesquisa científica e para uma gestão compartilhada, permitirá ao programa resgatar sua história, rever seu planejamento atual, fixar metas, estabelecer novas estratégias, reafirmar ou rever sua identidade, entender os desafios, compreender suas potencialidades e reforçar a sua importância regional.

Outro ponto importante é a possibilidade de evoluir na avaliação feita pela Capes, órgão responsável pelas avaliações dos programas de pós-graduação e que os conceitua com notas a cada 4 anos. Essas notas variam de 3 a 7 e servem como referência para o recebimento de recursos do Governo Federal, recursos esses que são destinados ao financiamento das pesquisas e a bolsas de mestrado e doutorado, por exemplo - algo extremamente importante para a condução das pesquisas brasileiras.

A pesquisa evidencia três pontos importantes: que conhecer o contexto histórico é relevante para a compreensão das ações praticadas no presente e para estabelecer estratégias e novos caminhos para o futuro; que uma pesquisa científica pode ser participativa; e que os estudos conduzidos na pós-graduação têm suas contribuições práticas.

 

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