Palpígrados encontrados no quadrilátero ferrífero receberam nomes inspirados em filme de ficção científica como forma de alerta à preservação.

O estudo de impactos ambientais em cavernas tem se intensificado nos últimos anos e, com isso, a coleta de amostras em ambientes cavernícolas proporciona a descoberta constante de novas espécies. Um estudo realizado pelo Centro de Estudos em Biologia Subterrânea, através do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras, encontrou três novas espécies de aracnídeos da ordem Palpigradi nesses ambientes subterrâneos. Esses pequenos aracnídeos vivem escondidos no solo, embaixo de rochas e no interior de cavernas, sendo ainda pouco conhecidos com relação aos seus aspectos biológicos e morfológicos.


Em seu pós-doutorado, a pesquisadora Maysa Villela trabalhou com taxonomia, descrevendo algumas novas espécies de aracnídeos.  Dentre os seus estudos, está a descrição de três novas espécies de aracnídeos da ordem Palpigradi, que foram coletadas em cavernas do quadrilátero ferrífero, em  Minas Gerais. Durante os estudos realizados por empresas de consultoria ambiental, esses animais foram direcionados para a Coleção de Invertebrados Subterrâneos do Cebs. A maioria dos palpígrados dessa região pertence à espécie Eukoenenia ferratilis; porém, os pesquisadores notaram que um pequeno grupo era morfologicamente diferente. “Quando o material chegou para identificação, observamos que se tratava de uma espécie nova, de animais com características troglomórficas. Eles são exclusivamente cavernícolas, com apêndices mais alongados, indicando que evoluíram nesses ambientes”.


Como os aracnídeos foram encontrados em uma região de intensa atividade minerária, cuja exploração preocupa os pesquisadores quanto à preservação ambiental, foram dados os nomes de personagens do filme de ficção científica Avatar, que mostra a luta de habitantes do planeta alienígena Pandora, contra a devastação e exploração ambiental dos humanos. Assim, Eukoenenia navi, Eukoenenia neytiri e Eukoenenia eywa foram batizadas.


O estudo foi publicado em maio no periódico Invertebrate Systematics, uma importante revista na área de invertebrados. A pesquisadora Maysa explica a importância da descrição dessas espécies: “elas precisam estar formalmente descritas para que possam ser avaliadas e, dessa forma, constar em lista de animais ameaçados de extinção”. O professor da UFLA Rodrigo Lopes Ferreira, coordenador do Cebs, completa: “a descrição dessas espécies é importante para a preservação das cavernas onde elas ocorrem, uma vez que a presença de espécies troglóbias aumenta a relevância das cavernas que têm sido severamente ameaçadas pelas atividades de mineração”.

 

 

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do Vídeo: Luíz Felipe Souza Santos -  bolsista Dcom/UFLA