Fragmentos do coco babaçu.

Uma pesquisa feita na Universidade Federal de Lavras (UFLA) identificou o potencial da casca do coco babaçu de se tornar fonte de energia. O resultado é fruto da dissertação de mestrado do agora doutorando em Ciência e Tecnologia da Madeira Thiago de Paula Protásio, sob orientação do professor do Departamento de Ciências Florestais (DCF/UFLA) Paulo Fernando Trugilho. Também houve a co-orientação da professora do Departamento de Química (DQI/UFLA) Maria Lúcia Bianchi e do pesquisador do Cirad (instituição francesa de pesquisa agrícola para o desenvolvimento) Alfredo Napoli.

O trabalho já foi tema de textos nos sites CI Florestas e Painel Florestal, além de estar disponível, em parte, para consulta pública no periódico internacional Springer Plus. De acordo com as conclusões da pesquisa, o expressivo potencial bioenergético dos resíduos do coco babaçu (casca) faz com que essa biomassa tenha desempenho superior ao relatado para o bagaço de cana, a madeira de eucalipto e a casca de café. O material também apresenta baixo teor de cinzas e bom desempenho durante a combustão, além de aptidão para a produção de carvão vegetal de uso siderúrgico.

A descoberta vai ao encontro da busca por combustíveis renováveis e pela redução da poluição ambiental. Como as áreas com matas de cocais estão mais concentradas nas regiões norte e nordeste do Brasil, a exploração dos babaçuais como fonte bioenergética pode colaborar na diversificação e descentralização da matriz energética brasileira. Além disso, o aproveitamento energético da casca poderá contribuir para o desenvolvimento social das comunidades extrativistas que sobrevivem da coleta do coco babaçu nessas regiões.

Carvão vegetal da casca do coco babaçu.

O professor Trugilho enfatiza a quantidade de informações relevantes produzidas pela pesquisa e faz uma avaliação do impacto positivo dos resultados. “Trata-se de uma alternativa viável a ser utilizada pelas siderúrgicas instaladas nas regiões norte e nordeste e, assim, contribuir com a redução da pressão sobre a floresta nativa de tais regiões.”, constata.

Os resíduos utilizados como matéria-prima na pesquisa foram coletados na zona rural do município de Sítio Novo do Tocantins (TO), onde é feita exploração extrativista pelas comunidades locais. A casca do coco babaçu foi carbonizada em um forno elétrico (mufla), em temperaturas específicas, para que, ao final pudesse ser feita a avaliação tecnológica do carvão vegetal.