Inovação, proatividade, autonomia, tomada de risco e agressividade competitiva. Engana-se quem pensa que essas cinco posturas empreendedoras são restritas ao setor privado. Uma pesquisa do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA) analisou as ações voltadas para promover o desenvolvimento de atividades empreendedoras em creches no município de Lavras. 

Coordenadores, supervisores, professores e educadores responderam questionários sobre a realidade administrativa de 31 Centros Municipais de Educação Infantil (Cemei’s),  creches que atendem crianças de zero a quatro anos. Existência de suporte gerencial, de autonomia do trabalho e de recompensas foram algumas das questões analisadas. Financiada pela FAPEMIG e pelo CNPq, a pesquisa foi conduzida pela mestre Luciana Vieira sob orientação da professora Daniela Meirelles.

Com a coleta dos dados, a pesquisa buscou identificar os fatores que determinam ou contribuem para a organização de estratégias empreendedoras nas creches do município. O estudo encontrou a presença de suporte gerencial e discrição no trabalho, além de autonomia no fomento do empreendedorismo na organização da educação pública. Todos são fatores que impactam positivamente na organização de estratégias empreendedoras nessas instituições.  

“Identificamos o perfil empreendedor nas professoras, monitoras e coordenadoras das creches. Tanto que elas promovem duas ações empreendedoras. Uma delas é o projeto ABC, cujo eixo principal é o desenvolvimento do hábito de leitura das crianças, com o envolvimento de vários atores e ações. A outra diz respeito à roda de conversa com foco no compartilhamento de experiências e melhores práticas entre as coordenadoras dos Cmei´s”, explicou a professora do Departamento de Administração e Economia (DAE), Daniela Meirelles Andrade, orientadora da pesquisa. 

O estudo não confirmou a existência de regimes de recompensas e reconhecimento que incentivem a inovação. 

 

Ações empreendedoras

 

A organização empreendedora investe em um produto inovador, ainda que envolva risco, e possui um comportamento proativo, para superar a concorrência. Desde o começo dos anos 2000, as orientações estratégicas para o empreendedorismo passaram a ser novo caminho a ser seguido na administração pública. 

A incorporação de melhores práticas da gestão privada no setor público buscou diminuir a burocracia na administração pública e fomentar a inovação e, consequentemente, proporcionar desenvolvimento e produtividade nos serviços públicos.  “Poucos estudos científicos focam na gestão da educação pública, principalmente, relacionados às creches. Em Lavras, encontramos práticas de orientação empreendedora que poderiam ser ampliadas, mais valorizadas e melhor desenvolvidas no contexto da organização”, disse Daniela Meirelles Andrade.  

Praticada na gestão escolar, a  organização empreendedora pode melhorar a realidade do ensino público federal, estadual e municipal. No setor público, o modelo é baseado na inovação, na proatividade e na assunção a risco (quando profissional ou organização é incumbida de realizar tarefa desafiadora com foco no objetivo desejado).  

Uma série de características organizacionais influenciam  nas orientações estratégicas para o empreendedorismo. Por exemplo: hierarquia, formalização, flexibilidade, tamanho, autonomia, especialização, participação nas decisões e desempenho baseado em recompensas. 

No sistema público educacional, fatores externos e internos da escola - como comunicação e valores - influenciam na adoção e desenvolvimento das orientações empreendedoras na educação infantil e creche municipal. “O empreendedorismo depende da atitude dos seus líderes e do suporte da organização. Por isso, valores, crenças e visões dos líderes, além do apoio e recompensas aos servidores são elementos cruciais para impulsionar a inovação na gestão  escolar”, afirma. 

 

 

Reportagem: Pollyanna Dias, jornalista- bolsista 

Edição do vídeo: Eder Spuri – Comunicação / UFLA