Os desafios do ensino da Matemática na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é tema da primeira dissertação defendida no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Educação Matemática. O estudo identifica e discute estratégias de trabalho empregadas nessa modalidade de ensino para lidar com a heterogeneidade dos estudantes, marcada não só por diferenças culturais, sociais, econômicas, étnicas e religiosas, como também por diferenças de faixa etária e experiências profissionais extraescolares.

A pesquisa foi realizada pelo pós-graduando Júlio César de Resende Melo, com a orientação do professor Mário Henrique Andrade Cláudio. A metodologia incluiu a coleta de relatos de experiência de três professoras e um professor; a realização de entrevistas semiestruturadas e o diário de bordo do pesquisador. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo, por meio de uma perspectiva interpretativo-compreensiva.

“Conseguimos perceber que, mesmo em meio aos desafios e às incertezas da prática pedagógica, cada um dos participantes da pesquisa busca diariamente uma forma particular de desenvolver o aprendizado do público jovem e/ou adulto que compõe as turmas para as quais lecionam, almejando a valorização e o respeito da diversidade presente, mas não exclusiva, nessas turmas”, conclui Júlio.

Por se tratar de um mestrado profissional, a pesquisa também teve como resultado um produto educacional. “Como contribuição para os docentes da área, elaboramos um caderno com orientações para o desenvolvimento de alguns conteúdos matemáticos, pensando nessa modalidade de ensino, mas que pode ser adaptado para as outras modalidades da Educação Básica”, explica o orientador.

O caderno reúne vinte e cinco estratégias. Muitas delas são comuns a outras modalidades de ensino, como o atendimento individualizado nas carteiras ou a prioridade ao diálogo não hierarquizado nas aulas. Outras estão relacionadas às características do público da EJA, como adotar as experiências de vida como ponto de partida para a construção do conhecimento escolar e abdicar do uso de avaliações escritas. 

Primeira defesa

A dissertação foi defendida de forma remota no dia 22/4. Além do orientador, participaram da banca a professora da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) Viviane Cristina Almada de Oliveira e professora da UFLA Amanda Castro Oliveira.

De acordo com o coordenador do programa de pós-graduação, professor José Antonio Araújo Andrade, “a primeira defesa marca uma nova fase de contribuição das áreas de Ensino de Física, Educação Matemática e Ensino de Química da UFLA para a formação de professores da região e do País, com a elaboração e a socialização de inúmeras produções científicas feitas por professores para professores”.

Como resultado da pesquisa, cada estudante deve elaborar uma dissertação e um Produto Educacional que tragam contribuições para as práticas pedagógicas, para o desenvolvimento de um ensino-aprendizagem de qualidade em diferentes espaços educacionais, especialmente nas salas de aula das escolas de educação básica e em espaços não formais.

O trabalho de formação de professores das três áreas na UFLA iniciou com a criação e consolidação dos cursos de licenciatura, desenvolveu-se com projetos de extensão e pesquisa como o Pibid e a Residência Pedagógica, e culminou com a criação do programa de pós-graduação.