A primeira defesa de trabalho de conclusão de curso do Departamento de Gestão Agroindustrial (DGA) foi realizada no dia 24/10. A monografia intitulada “Estratégia como prática: uma análise das estratégias de produção e mercadológica de uma organização produtora de cachaça” foi apresentada pela estudante do curso de Agronomia Heloísa Marques Villela.

A pesquisa fez parte de um projeto financiado pela Fapemig, que investiga as estratégias de organizações produtoras de cachaça de Minas Gerais sob a perspectiva da estratégia como prática social. A orientação foi realizada pela professora Valéria da Glória Pereira Brito e a coorientação, pela doutoranda em Administração Lília Paula Andrade. Além da orientadora e da coorientadora, participaram da banca a professora Maria Cristina Angélico Mendonça e o discente de mestrado em Administração Raphael de Morais.

O Departamento de Gestão Agroindustrial (DGA) foi criado em julho deste ano, com base no entendimento técnico e científico de que o agronegócio é a união de várias empresas, organizações, atores e agentes econômicos, que vão desde os fornecedores de insumos e serviços, passando pela produção agropecuária em si e pelas indústrias de transformação e agregação de valor, chegando até o consumidor final.

O chefe do DGA, professor Renato Fontes, destaca o simbolismo da defesa do TCC. “Por se tratar de um trabalho de uma estudante de graduação em Agronomia, a primeira defesa revela o compromisso do departamento com a formação interdisciplinar do corpo discente do agronegócio”.

A estratégia como prática da cachaçaria Âmago da Tradição

Enquanto a abordagem convencional das estratégias de uma organização enfoca os efeitos sobre a empresa, a perspectiva da estratégia como prática social se atém à participação dos atores humanos e às suas ações. O foco primordial, neste último caso, recai sobre os indivíduos, que moldam as estratégias das organizações com suas vivências, emoções e motivações.

A primeira monografia defendida no DGA realizou um estudo de caso da cachaçaria Âmago da Tradição, fundada no início dos anos 1990, em Palmeiral/ Botelhos - MG, pelo empresário Giuseppe Coimbra. A organização foi criada com o propósito de produzir, artesanalmente, uma cachaça de alta qualidade, para atender a um mercado crescente de consumidores de paladar cada vez mais sofisticado.

Giuseppe Coimbra iniciou o processo de montagem e instalação da pequena indústria encorajado pela figura de seu sogro, Sr. Vitor, que se prontificou a colaborar para a realização de seu antigo sonho. Ao longo tempo, a organização passou por uma série de modificações, até chegar ao estágio atual, considerado por especialistas ideal para desenvolvimento de uma bebida de características nobres.

A pesquisa, qualitativa, adotou três procedimentos de coleta de dados. O principal foi a realização de entrevistas em profundidade com atores que exercem diferentes funções na organização e possuem experiências e histórias de vida diversas. Também foi realizada a observação participante, em visitas de campo que permitiram acompanhar as rotinas da organização e da produção de cachaça. O estudo foi complementado pela pesquisa documental.

A monografia revelou que as estratégias de produção e de mercado da organização têm recebido importantes influências do contexto local, da história de vida dos atores, bem como de fatores subjetivos e sócio-históricos que foram construídos ao longo do tempo. O estudo contribuiu, ainda, para a compreensão do mercado da cachaça e da dinâmica inerente às organizações produtoras de cachaça artesanal.