Este mês é conhecido como Agosto Dourado, que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação. Durante todo o mês, ações são realizadas mundialmente para promover e fortalecer a prática da amamentação natural. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é recomendado o aleitamento materno por dois anos ou mais, havendo ainda um consenso mundial de que a sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar a criança nos seis primeiros meses. 

Diante disso, o projeto de extensão Promoção do Aleitamento Materno (Proama), coordenado pela professora Lílian Gonçalves Teixeira, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Lavras (DNU/UFLA), tem o objetivo de apoiar e promover práticas de incentivo ao aleitamento materno e introdução à alimentação complementar, além de orientar hábitos saudáveis e nutrição adequada. 

O Proama que iniciou as suas atividades em agosto de 2014 e tem como público-alvo gestantes e nutrizes que são atendidas na Estratégia Saúde da Família (ESFs) e no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) de Lavras, foi objeto de estudo da pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde (PPGNS/UFLA), Lahis Cristina Morais de Moura, em seu projeto de mestrado. Ela avaliou a efetividade das ações do projeto de extensão, entrevistando 107 mães que foram orientadas durante a gestação. 

Entre os resultados apresentados, 86,9% das mulheres reconheceram as orientações recebidas como importantes e 79,4% declararam que adquiriram novos conhecimentos. A pesquisadora comenta que “é possível observar a importância da orientação, que pode proporcionar desfecho positivo em relação à prática da amamentação. Embora seja um ato fisiológico, amamentar também é um comportamento aprendido, sendo que o seu sucesso depende de inúmeros fatores, como o conhecimento da mãe sobre os seus benefícios e o manejo correto. Por isso, as campanhas devem ser sempre estimuladas”, acrescenta a pesquisadora. 

A pesquisa também aponta que o tipo de parto pode interferir na escolha do leite materno como alimentação exclusiva, ou mesmo no início da amamentação. O parto a cesariana, por exemplo, pode trazer indisposição à mãe, devido ao desconforto do ato cirúrgico, além de causar dificuldades para posicionar o bebê em razão do repouso obrigatório da mãe no leito. 

Além disso, o estudo mostra que o contexto familiar, as experiências anteriores relacionadas à amamentação, os aspectos psicológicos, o trabalho materno e os problemas relacionados à amamentação, além de crenças na produção insuficiente de leite e intercorrências com recém-nascidos são fatores que podem trazer a interrupção da amamentação exclusiva; por isso, são necessários a expansão de orientações e o apoio ao aleitamento materno, principalmente nas primeiras semanas do pós-parto.

Ciência na Comunidade

A professora Lílian Teixeira, coordenadora do projeto, destaca a importância de conversar com as gestantes e com quem está no período de amamentação, pois assim “é possível trocar informações de suas experiências, além de validar o que elas já sabem sobre o assunto e ao mesmo tempo orientá-las”. Ela ainda acrescenta que “em relação ao âmbito acadêmico, é muito importante que os estudantes tenham esse contato com a população, pois aprendem realmente a ouvir   as pessoas e a orientá-las sem passar por cima do que eles já sabem”.  Equipe do Proama

 O Proama é um projeto que faz parte do Núcleo de Estudos em Saúde Materno-Infantil (Nesmi). Em sua página no   Instagram, @nesmiufla, é possível ter acesso a diversas informações e alimentação nos primeiros anos de vida. 

 Desde 2014, eles já atenderam a mais de 400 gestantes. As orientações são realizadas nas ESF’s e Ame de   Lavras,  nos dias de atendimento médico. 

 Durante ou após a gestação, é possível ter atendimento nutricional individualizado na UFLA.  

 É possível fazer o agendamento com o Nesmi pelo contato: (35) 2142-2097 

 *em razão das medidas de distanciamento social tomadas por causa da Covid-19, os atendimentos estão     suspensos

Leia o relato de Sabrina Cristina Souza Silva, mãe do Átila. Ela conta como conheceu o Proama e a importância para o aleitamento materno de seu filho. 

“Bom, eu já tinha noção da importância do aleitamento, pois cursei um tempo de Nutrição, porém, nada é como na prática (...) Passei a gravidez confiante, acreditando que o bebê mamaria perfeitamente (...), mas, após o parto, não conseguia ver o leite sair, isso me deixava com a dúvida: "será que tenho leite mesmo?!". 

Alguns profissionais da maternidade disseram que eu não conseguiria amamentar. Isso me deixou frustrada. Chorei ainda no hospital, porque deram fórmula no copinho para ele. Você fica tão vulnerável, tão frágil, eu não queria que dessem fórmula, mas, ao mesmo tempo não queria que ele passasse fome.Toda vez que eu dava o copinho, me sentia horrível. Arquivo pessoal Sabrina


Onze dias após o parto e eu ainda não via o leite. Comecei a procurar ajuda e achei o Proama. Lembro quando Lahis e Mayara me perguntaram sobre ordenha, e eu nem sequer sabia fazer. Elas me ajudaram e o leite saiu! Aquele momento mudou a nossa história, minha e do Átila. Quis chorar, desta vez de felicidade! Fomos à UFLA para atendimento, aprendi a ensiná-lo a mamar e a colocá-lo no meu peito.Passamos por uma pediatra associada, que o avaliou clinicamente e assim conseguimos iniciar a amamentação exclusiva. Sou eternamente grata ao Proama! 

O processo é difícil, talvez doloroso, cansativo. Não é fácil acordar a noite toda e ficar com um bebezinho no braço, mas é recompensador. Hoje, o Átila está para completar 1 ano e 4 meses de idade, e quando perguntam: “ele ainda mama?!" Respondo: "ele acabou de começar!"

1º/6/2020

Saiba 10 fatos importantes sobre o aleitamento materno

  1. São os hormônios ocitocina e prolactina que entram em ação para que o leite materno seja produzido e ejetado.
  2. Por ser rico em anticorpos, o leite materno protege a criança de muitas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias. Ainda diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.
  3. Sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança. O movimento feito pela boca do bebê auxilia no desenvolvimento do palato e da mandíbula, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração.
  4. Uma mulher produz em torno de um litro de leite por dia. Uma criança bebe por amamentação entre 200 e 250 mililitros por vez. Mas as glândulas mamárias podem se orientar rapidamente pelas necessidades do bebê e oferecer mais ou menos leite.
  5. Nos primeiros dias do aleitamento, as glândulas mamárias produzem um “primeiro leite” chamado de colostro – muito rico em nutrientes.
  6. Ao longo da mamada, a gordura vai sendo liberada no leite. Assim, o leite sacia a sede da criança (até 6 meses não é necessário dar água ao bebê) e a fome, fazendo com que ele ganhe peso. 
  7. O aleitamento traz uma série de benefícios para a saúde da mulher após o parto. Aumenta o gasto energético, o que pode levar à perda do peso ganho na gestação; o risco de diabetes e do desenvolvimento de câncer de mama e de ovário.
  8. Durante o amamentar, o corpo da mãe é inundado de ocitocina, o “hormônio do amor”, que desperta alegria e relaxamento e ainda ajuda o bebê a dormir e se acalmar. 
  9. O leite materno é o único alimento necessário para suprir as necessidades nutricionais e de desenvolvimento dos bebês até os 6 meses de idade.
  10. Amamentação é um direito garantido por lei. Segundo o artigo 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é dever do governo, das instituições e dos empregadores garantir condições propícias ao aleitamento materno