Se em uma extração dentária, por exemplo, a pessoa perde partes da gengiva - que é um tecido mole do corpo – torna-se então necessário fazer um preenchimento no local. Tecnologias com novos materiais têm garantido o surgimento de compostos que podem ser utilizados nesses e outros enxertos para reparação de músculos do corpo humano. Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) estão atuando nessa área e desenvolveram um hidrogel à base de albumina e pectina, que são compostos naturais.

O professor do Departamento de Engenharia (DEG) Juliano Oliveira coordena os estudos e explica que esse novo material, ainda em análise, tem duas grandes vantagens: é biocompatível, ou seja, não é nocivo ao organismo, o que colabora para baixa taxa de rejeição; e tem a capacidade de incorporar substâncias terapêuticas, como antibióticos e anti-inflamatórios, liberando-as de forma controlada. “Essa última propriedade ajudaria a reduzir o tempo de recuperação do paciente e melhorar sua qualidade e vida”, explica o professor.

A albumina, um dos elementos (polímeros) naturais utilizados, é uma proteína que pode ser encontrada nos ovos (ovoalbumina), representando cerca de 54% das proteínas da clara. Já a pectina está presente na parede celular de certas plantas, como a laranja e a maça, por exemplo. A pectina é responsável pela adesão entre as células e pela resistência mecânica da parede celular. São, ambas, sustâncias capazes de formar géis. A vantagem de se utilizar substâncias naturais para a produção de hidrogel é o fato de serem atóxicas, terem baixo custo, boa disponibilidade e serem biocompatíveis. Embora haja limitações, como a resistência mecânica e a resistência à água, elas podem ser controladas, por meio de técnicas adequadas.

Além dos polímeros naturais, o hidrogel desenvolvido na UFLA incorpora também o cloranfenicol como medicamento que pode auxiliar no tratamento de infecções, no caso de um possível implante. O projeto, desenvolvido pelos estudantes de graduação Guilherme Carvalho da Engenharia de Materiais e Caroline Mendes da Medicina, orientados pelo professor Juliano, está na fase de testes na área da engenharia. “Estamos analisando como o composto se comporta do ponto de vista mecânico, bem como o comportamento térmico e cinético de liberação dos medicamentos. No futuro, será necessário estudar a biocompatibilidade com testes em laboratório e em organismos animais”, explicam.

A criação dos hidrogéis faz parte de um conjunto de iniciativas na Engenharia de Materiais que buscam contribuir para a área da saúde e para a qualidade de vida das pessoas.

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