Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desenvolveram embalagens alimentícias que possibilitam maior conservação dos alimentos, maturação mais lenta dos frutos e capacidade de verificar a qualidade dos produtos. Para que isso fosse possível, a pesquisa utilizou a nanotecnologia. O estudo, realizado durante o doutorado de Kelvi Wilson Evaristo Miranda, sob a orientação do professor do Departamento de Engenharia Juliano Elvis de Oliveira, foi destaque no jornal da EPTV Sul de Minas nessa terça-feira (24/4).

Na primeira etapa, Kelvi desenvolveu nanofibras poliméricas de poliestireno com ação bioativa. “Ao invés de usarmos um solvente sintético para obtermos as nanofibras, utilizamos o óleo de laranja, considerado um solvente verde, ou seja, um produto ecologicamente correto”. De acordo com a pesquisa, o óleo de laranja consegue inibir o crescimento de bactérias e fungos e poderia ser usado como embalagens que contribuam para a conservação de alimentos de origem animal (carnes de frango, bovina e suína) e vegetal (produtos minimamente processados).

O segundo passo foi obter nanofibras em forma de uma embalagem tradicional de sachê, utilizando para isso, a mesma matriz polimérica. O sachê nanoestruturado contém absorvedores de etileno e umidade que ajudam a retardar o processo de maturação do fruto.  De acordo com o Kelvi Miranda, “a nanofibra, nesse caso, funciona como uma embalagem de suporte, ela é um material poroso, que atuará na redução da velocidade com que o fruto se deteriore”. Para o estudo da viabilidade do sachê, os testes foram feitos com tomates verdes, durante um período de sete dias. Segundo o pesquisador, foi verificado que 70% dos frutos não atingiram a maturação completa ao final desse ciclo. Já para os tomates que não tiveram o uso dos sachês nanoestruturados cerca de 95% atingiram a maturação nos sete dias observados.

Na última etapa, Kelvi desenvolveu uma nanofibra inteligente com o mesmo polímero, capaz de verificar a qualidade e o frescor dos alimentos. “A ideia, nesse caso, é que o consumidor possa identificar se o alimento está adequado ou não para o consumo, a partir da mudança de coloração do material”, explica Juliano. Os testes foram feitos com vinho, e a embalagem mudou de cor conforme a concentração de ácido acético presente, que tende a aumentar de acordo com o processo de degradação da bebida.

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Texto da pesquisa: Karina Mascarenhas, bolsista Dcom/Fapemig.