Por Michel Eustáquio Dantas Chaves

Doutor em Engenharia Agrícola pela UFLA

Informações sobre a superfície terrestre coletadas por satélites e sensores ganham o noticiário dia após dia. Elas são úteis para auxiliar na compreensão da relação dinâmica entre o homem e o meio ambiente, e têm sido usadas por gestores públicos para promover a implementação de políticas ligadas à segurança alimentar, mudanças climáticas, emissão de gases de efeito estufa, desmatamento e dinâmica agrícola, entre outros. Diante de sua importância, elas devem ser, obrigatoriamente, precisas e detalhadas. Logo, é benéfico dispor de tecnologias capazes de melhorar a extração de informações e o nível de detalhe.

Dados orbitais com resolução espacial média (entre 10 e 30 metros) se consolidaram como adequados para detectar a maioria das interações da natureza humana e coletar informações fenológicas detalhadas. Dois sensores de tal categoria se destacam para essa tarefa em larga escala: o Landsat 8 Operational Land Imager (Landsat 8/OLI), lançado pela NASA, a Agência Espacial Norte-Americana, em 2013; e o Sentinel-2 MultiSpectral Instrument (Sentinel-2/MSI), lançado pela ESA, a Agência Espacial Europeia, em 2015. A disseminação de ambos foi impulsionada por políticas de acesso livre a dados orbitais. Mas, como os dados provenientes deles têm sido úteis? Em artigo escrito por mim e pelas pesquisadoras Michelle Picoli e Ieda Sanches, recentemente publicado no periódico Remote Sensing (altamente conceituado na área de Geociências), analisamos mais de dois mil artigos científicos e sumarizamos como os dados dos sensores Landsat 8/OLI e Sentinel-2/MSI têm sido usados para diferentes propósitos de classificação de uso e cobertura da terra desde 2015, época perpassada pela política de dados abertos e por princípios de ciência aberta no sensoriamento remoto.

O artigo apresenta tendências, potencialidades, desafios, lacunas e perspectivas futuras, com foco especial em índices de vegetação, e visa a guiar novos estudos e direcionar jovens pesquisadores às inovadoras práticas científicas no tema. Este artigo é dedicado aos jovens pesquisadores que querem trabalhar com técnicas de sensoriamento remoto e dados com média resolução espacial, mas diante de tanta informação, não sabem por onde começar ou como inserir sua pesquisa em um contexto atual. Ademais, apontamos que os dados derivados do Landsat 8/OLI e Sentinel-2/MSI fornecem novas perspectivas na aquisição de informações sobre o uso e cobertura da terra, permitindo aprimorar o discernimento sobre a paisagem e processos como o desmatamento e a expansão agrícola, por exemplo. Em particular, o uso de séries temporais e a integração entre os sensores para explorar combinações de bandas e índices de vegetação têm sido eficazes para detectar mudanças.

O artigo pode ser lido em: https://www.mdpi.com/2072-4292/12/18/3062

 

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