Uma pesquisa desenvolvida por uma parceria entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) recebeu o Prêmio Artigo Mais Influente dos últimos dez anos do Simpósio Brasileiro de Componentes de Software, Arquiteturas e Reutilização (Sbcars). A pesquisa é responsável por realizar um estudo sobre “bad smells”, que ocorrem quando o código-fonte de um sistema de software é mal projetado e/ou mal implementado.

Por meio de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) realizada durante a pesquisa, os pesquisadores conseguiram identificar e classificar bad smells no contexto de Linhas de Produtos de Software (LPS) e seus respectivos métodos de refatoração, ou seja, formas de reorganizar o código-fonte do software, “consertando-os”.

Após a análise de 18 estudos resultantes da RSL, os pesquisadores identificaram 70 bad smells e 95 métodos de refatoração, além de listarem 16 LPS. Com isso, o estudo proporcionou a elaboração de um catálogo de bad smells relacionados às LPS e seus respectivos métodos de refatoração.

De acordo com um dos responsáveis pela pesquisa e professor do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (Icet/UFLA), Heitor Costa, o catálogo traz inúmeros benefícios. “O nosso trabalho pode auxiliar engenheiros de software na construção de LPS com mais qualidade interna no código-fonte. Com a identificação de 70 bad smells, conseguimos também catalogá-los em três diferentes ‘grupos’ conhecidos pela nossa área: 49 bad smells código-fonte, 14 bad smells arquitetônicos e sete bad smells híbridos”, explica.

O professor ainda ressalta que bad smells são “sintomas” que prejudicam o entendimento e a legibilidade do código-fonte. “Por exemplo, com o catálogo elaborado durante a nossa pesquisa, o engenheiro de software pode utilizar métodos de refatoração para ‘melhorar’ a estrutura interna, ou seja, o código-fonte, de uma LPS. Assim, há o aprimoramento de uma LPS, melhorando sua estrutura interna.”

A metodologia

Antes da revisão da literatura, o primeiro passo seguido pelos pesquisadores foi a elaboração das seguintes questões de pesquisa sobre bad smells no contexto de Linhas de Produtos de Software (LPS):

  • Quais foram as LPS utilizadas nos estudos de bad smells?
  • Quais são os bad smells presentes no contexto de LPS?
  • A definição de bad smells é a mesma no contexto de LPS e sistemas de software únicos?
  • Quais são os métodos de refatoração de bad smells aplicados no contexto de LPS?

Em seguida, os pesquisadores buscaram por estudos da área nas bibliotecas digitais ACM, Scopus, Science Directed, Computer Science Bibliographies, El Compendex, Web of Science e IEEEXplore. Foram definidos critérios de inclusão e exclusão para filtrar os estudos identificados e, após a aplicação desses critérios, foram encontrados os 18 estudos mencionados, os quais foram integralmente lidos e analisados pela equipe para responder às questões elaboradas.

Mais sobre a premiação

Pelo segundo ano consecutivo, um artigo escrito em coautoria com pesquisadores da UFLA recebe o Prêmio Artigo Mais Influente dos últimos dez anos do Sbcars.

A premiação ocorreu na última edição do Sbcars, integrada ao “XIV Congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática (CBSoft 2023)” e realizada na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), entre os dias 25/9 e 29/9, pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). A escolha do artigo para receber o prêmio foi baseada na quantidade de citações nos últimos dez anos. Até o momento desta divulgação da premiação, o artigo contabiliza 43 citações. Foram analisados artigos publicados no Sbcars nos anos de 2012, 2013 e 2014.

O Sbcars reúne pesquisadores, estudantes e profissionais com interesses em tópicos relacionados à engenharia de software.

O artigo e a equipe

O artigo Bad Smells em Linhas de Produtos de Software: Uma Revisão Sistemática” (“Bad Smells in Software Product Lines: A Systematic Review”) foi publicado no Sbcars em 2014.

Além do professor Heitor Costa, o estudo também conta com a autoria do mestrando egresso da UFLA Ramon Simões Abílio, do mestrando egresso da UFMG Gustavo Vale e do professor da UFMG Eduardo Figueiredo.

A pesquisa foi parcialmente financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.