Resultados iniciais mostram que subproduto oriundo da queima da casca do café melhora resistência e a rigidez de materiais a base de cimento.

Minas Gerais é o maior produtor de café do país, por ano são milhões de sacas que  geram também resíduos como a palha do café, conhecida popularmente como “casca”, um recurso natural que poderá ter diversos usos, diminuindo os impactos ambientais causados pela lavoura.

Na UFLA, estudantes da disciplina de projetos em engenharia civil, sob a coordenação do professor Saulo Rocha Ferreira, iniciaram há pouco mais de um ano, um estudo para aproveitar a casca do café na produção de materiais de construção. “Nós trabalhamos com materiais de baixo impacto ambiental, como já é possível utilizar a casca do arroz para a produção de energia, então pensamos: como estamos no Sul de Minas, vamos testar a casca do café para reaproveitá-la de certa forma”, explica o docente.

De acordo com Saulo, apesar de não ter muitos estudos na literatura sobre o potencial da casca do café, sabe-se que ela é um material rico em potássio que contém muitos minerais inclusive o dióxido de silício que reage com o cimento. Para ser misturada ao cimento, primeiro é feito um tratamento térmico com a casca, em temperaturas entre 500 e 600°C por cerca de 15 horas. A casca do café então se torna uma cinza fina que então pode reagir com outros materiais.

Segundo os primeiros resultados, com a adição das cinzas da casca do café ao cimento, houve um melhoramento do comportamento mecânico. “ Os testes foram feitos com 3% e 6% de substituição do cimento pela cinza e as melhorias foram significativas de resistência e de rigidez”, explica o professor.

Os testes ainda continuam com diferentes técnicas de análises químicas para saber a quantidade exata de minerais presentes na cinza da casca do café e os resultados poderão gerar novas pesquisas na área. “Podemos produzir materiais mais leves, mais baratos, mais duráveis e mais resistentes, agregando valor não só ao resíduo, que é a casca do café, mas também ao material desenvolvido que poderá ser mais acessível e de melhor qualidade a população.”

 

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do Vídeo: Rafael de Paiva  - estagiário  Dcom/UFLA