O cafeeiro é atacado por diversas pragas, no entanto, existem inimigos naturais capazes de realizar o controle biológico. Estudos mostram que a diversificação das lavouras é uma importante ferramenta para sua manutenção. A utilização de árvores para sombreamento também traz significativas melhorias para o agroecossistema.

Nesse sentido, a pesquisa de mestrado de Vitor BarrileTomazella avaliou, sob a orientação do professor Luís Cláudio Paterno Silveira, no Programa de Pós-Graduação em Entomologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA),  a influência que algumas espécies arbóreas para sombreamento exercem sobre a diversidade de parasitoides e vespas em café convencional.

A pesquisa foi realizada na Fazenda da Lagoa, em Santo Antônio do Amparo, em lavouras de café sombreado com Teca, Cedro, Acácia e Abacate, plantados em duas densidades diferentes. Para efeitos comparativos, os pesquisadores utilizaram uma lavoura a pleno sol como testemunha. As coletas foram mensais de outubro de 2014 a setembro de 2015. Os insetos foram identificados até o nível de família e separados por morfoespécies.

Os pesquisadores coletaram 23 espécies de vespas sociais, importantes inimigos naturais de insetos praga. Segundo eles, mesmo em baixos níveis populacionais, esses predadores contribuem na diminuição da quantidade de pragas, reduzindo os picos de infestação. A presença desses insetos está associada à diminuição de danos causados por pragas em diversas plantações, como algodão, fumo, repolho e café, mostrando a importância dessa família para estudos com controle biológico de pragas.

A pesquisa constatou que houve uma maior riqueza e abundância de insetos no tratamento abacate na maior densidade, enquanto nos demais tratamentos sombreados observou-se apenas uma tendência nesse sentido. “No tocante às densidades de plantio das espécies arbóreas companheiras, o abacate mostrou resultados significativos, tendo sido coletados mais insetos na maior densidade. Isso pode ser explicado pelo fato de que há maior disponibilidade de recursos, uma vez que o abacateiro possui uma grande quantidade de flores durante sua floração, ficando mais fácil de os inimigos naturais se estabilizarem”, afirmam.

Os pesquisadores explicam que o consórcio com espécies arbóreas é uma boa prática, pois visa fornecer ao produtor um lucro extra na mesma área, seja pela comercialização de produtos ou da madeira, além de fornecer vantagens ao sistema, que vão desde preservação do solo, até melhoria na qualidade de bebida.

“Um ambiente diversificado, mesmo que seja por acréscimo de poucas espécies vegetais, já apresenta um impacto positivo e significativo na diversidade desses insetos benéficos. São comumente encontradas 26 famílias de parasitoides em cultivos de café, além de diversos gêneros de vespas. Até mesmo plantas espontâneas apresentam grande potencial na manutenção desses insetos, uma vez que a abundância e diversidade de insetos entomófagos estão intimamente relacionadas com a vegetação do agroecossistema”, comentam Vitor e Luís Cláudio.

O gerente agrícola da Fazenda da Lagoa, Patrik Avelar Lage, e o professor Luís Cláudio em atividade durante experimento no campo.

Como funciona

O controle biológico conservativo se baseia na manutenção, na área de cultivo, dos inimigos naturais de pragas. Para tanto, são utilizadas plantas atrativas, realizando-se um complexo arranjo espacial, sendo que essas plantas irão fornecer, entre outras coisas, abrigo e alimento alternativo para os inimigos naturais. Essa diversificação vegetal proporciona um aumento do número de inimigos naturais na área, permitindo que esses atuem na regulação dos insetos-praga.

“A utilização de sombreamento na cafeicultura é uma prática muito antiga. Ainda que, devido ao melhoramento genético, tenha sido regularmente cultivado a pleno sol, o cultivo do café à sombra traz grandes benefícios à cultura e ao ambiente. A utilização de árvores para sombreamento promove um maior equilíbrio térmico do ambiente; diminui riscos com erosão; aumenta a serapilheira e presença de simbiontes; mantém a umidade relativa em níveis maiores, promovendo um maior conforto as espécies vegetais e animais; auxilia no sequestro de carbono e aumenta a diversidade de animais”, comentam os pesquisadores.

Desse modo, acredita-se que o uso de plantas para o sombreamento venha a aumentar a diversidade de insetos benéficos (parasitoides e vespas predadoras) na cultura do café, dando, assim, condições para que esses organismos venham a auxiliar na regulação dos insetos praga.

Apesar das vantagens do controle biológico, atualmente a forma de condução mais utilizada é a convencional, com grandes e frequentes aplicações de produtos químicos para o controle de moléstias da cultura, especialmente fungos e insetos, pragas como a bicho mineiro e broca do café, principais pragas da cultura no Estado de Minas Gerais. “A aplicação dos citados produtos afeta diretamente e indiretamente os inimigos naturais, ocasionando grandes perdas da diversidade dos mesmos nas lavouras”, complementam.

Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA.

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