Inimigos da bovinocultura, os carrapatos são responsáveis por causar diversos problemas aos animais, que vão desde a redução da qualidade do couro à perda de peso e morte. A estimativa é que, no Brasil, esse ectoparasita cause prejuízos em torno de 3,24 bilhões de dólares anuais.
A principal espécie de carrapato que atinge o rebanho brasileiro é a Rhipicephalus (Boophilus) microplus, conhecida popularmente por carrapato-do-boi, e seu controle é feito através do uso de produtos carrapaticidas que utilizam compostos sintéticos em suas formulações.
Na UFLA, a mestranda do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) Raquel Romano tem testado o uso do extrato de óleo essencial de carvacrol - presente em diversas plantas que usamos, como o orégano e o tomilho - para combater os carrapatos bovinos. “Nós o compramos pronto e o transformamos quimicamente em uma molécula mais potente chamada acetilcarvacrol, que é a substância que estamos testando nos carrapatos.” O uso de carvacrol para combater esses parasitas já tem sido estudado por outros cientistas, por conta de suas propriedades antimicrobiana e antitumoral; porém, a utilização do acetilcarvacrol ainda é algo recente, de acordo com a pesquisadora.
O projeto tem a orientação dos professores Ana Paula Peconick (DMV) e Rafael Neodini Remedio (Departamento de Ciências da Saúde), além de contar com apoio do Departamento de Química da Universidade. Para os testes in vitro, o acetilcarvacrol é dissolvido em um solvente chamado dimetilsulfóxido (DMSO) a 3%. Os carrapatos são colocados em uma solução das duas substâncias, com adição de água, e ficam cerca de 5 minutos dentro dessa solução; depois são retirados e avaliados durante 7 dias para saber qual foi a mortalidade encontrada.
Em relação ao efeito acaricida, ou seja, o potencial de morte do carrapato, a eficácia do acetilcarvacrol em laboratório teve melhor resultado se comparada ao carvacrol, com a vantagem de usar menores quantidades. Agora, a pesquisadora se concentra em calcular a eficiência do produto em relação à reprodução dos carrapatos: “ avaliamos se o carrapato está colocando menos ovos e se vão nascer menos larvas”, diz.
As concentrações de óleo utilizadas são baixas, o que diminui os custos para essa alternativa de tratamento. “Nosso objetivo é utilizar concentrações reduzidas de grande eficácia para chegar ao produtor, já que os que existem atualmente são tóxicos e contaminam o meio ambiente, além de trazerem risco para a saúde do trabalhador rural que aplica e para a nossa, uma vez que podem deixar resíduos na carne e no leite que consumimos”, explica Raquel.
Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Luíz Felipe Souza Santos - bolsista Dcom/Fapemig