Tema de interesse público será debatido em Congresso Nacional de Milho e Sorgo que será realizado na próxima semana na UFLA

Você já ouviu falar de micotoxina? Elas são substâncias produzidas por fungos e causam efeitos tóxicos em animais e humanos. A história traz diversos relatos sobre a contaminação de alimentos por fungos, porém somente em 1960, com a morte de 100 mil perus na Inglaterra - devido à presença de um fungo na farinha de amendoim consumida pelas aves- é que, de fato, a ciência se abriu para descobrir os perigos desses fungos, e compreender como identificá-los e combatê-los.

O professor Flávio Medeiros, do Departamento de Fitopatologia (DFP /UFLA), especialista em controle biológico de doenças de plantas explica que os fungos podem contaminar grãos de milho, arroz, aveia, trigo, sorgo, centeio, dentre outros, causando diversos prejuízos. “O prejuízo na lavoura está relacionado à redução do valor nutricional dos grãos e aos efeitos tóxicos, que alteram a qualidade dos grãos e gera prejuízo para a indústria”, comenta.

As micotoxinas também causam riscos à saúde humana, conforme relata o professor Luís Roberto Batista do Departamento de Ciência dos Alimentos (DCA) da UFLA: “Elas são resistentes ao tratamento térmico que normalmente os alimentos sofrem, como a torração e a pasteurização. Para o consumidor, quando ingeridas, essas micotoxinas podem acarretar graves problemas à saúde, principalmente nos rins e no fígado”.

A contaminação em humanos ocorre de forma direta (o homem come o grão contaminado) ou em cadeia alimentar, como o milho é o principal componente da dieta animal, participando com mais de 60% do volume utilizado na alimentação animal de bovinos, aves e suínos, os fungos passam do cereal para os animais e dos animais para os humanos, através da carne ou leite.

Micotoxinas e Culturas

Atualmente são conhecidas mais de 400 micotoxinas. “As principais que afetam os grãos de milho e sorgo são as aflatoxinas, as fumonisinas, os tricotecenos (que são o maior grupo de micotoxinas conhecidos) e a zearalenona”, diz Flávio. No Brasil, a agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta os limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas em alimentos, o especialista esclarece que no campo os produtores podem empregar uma série de medidas para mitigar a contaminação por esses fungos na   pós-colheita, e na indústria há tratamentos que podem ser realizados.

No laboratório de Micotoxinas e Micologia de Alimentos, o professor Luís tem pesquisado cinco diferentes tipos de micotoxinas e a sua contaminação em alimentos: a ocratoxina A (OTA) - a mais tóxica e a mais relevante entre as ocratoxinas - e as aflatoxinas B1 e B2, G1 e G2. “Pesquisamos os fungos que são produtores de micotoxinas, a partir do momento que eles são identificados, nós sugerimos soluções para que não possam se desenvolver nos alimentos. Além disso, avaliamos quais são os alimentos mais suscetíveis a essas micotoxinas”. Para as algumas culturas, uma das soluções é a utilização de fungos que não produzem micotoxina no mesmo ambiente. “Há fungos que não produzem micotoxinas e que estão na natureza, assim criamos uma competição entre eles em determinada cultura”.

Os estudos com fungos produtores de micotoxinas contribuiu para a criação de Coleções de Cultura de Microrganismos na UFLA, sendo duas destas coleções credenciadas junto ao Ministério de Meio Ambiente (MMA) como Fiel Depositária. Os fungos são preservados em diferentes temperaturas e servem como base para as diversas pesquisas.

Congresso Nacional de Milho e Sorgo

Os professores são unânimes ao dizerem que a presença das micotoxinas está relacionada com a qualidade do alimento “O fungo para produzir a toxina precisa se desenvolver no produto, e esse desenvolvimento acaba alterando a qualidade do alimento, por isso, as micotoxinas sempre estarão relacionadas com produtos de baixa qualidade,” diz Luís. “Um bom manejo dos grãos é uma das formas de se evitar a presença de fungos na lavoura,” completa Flávio. A relevância dos estudos sobre as micotoxinas será discutida no workshop que abre o XXXII  Congresso Nacional de Milho e Sorgo que será realizado de 10 a 14 de setembro na UFLA e integra as comemorações dos 110 anos da Universidade.

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do Vídeo: Rafael de Paiva -  estagiário Dcom/UFLA  

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

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