doce1Pense numa mesa de “guloseimas” nada convencionais: bolo de barata ou formigas, patês com tenebrio, bombons de chocolate recheados com grilos pretos e cobertos com larvas. Pois foi assim que o ex-aluno da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Gilberto Schickler, zootecnista e consultor em insetos comestíveis, recebeu professores e estudantes da Universidade para a palestra sobre Entomofagia.  Mas o que é isso afinal?

Trata-se de uma prática que consiste na utilização de insetos como fonte alimentar e o investimento nesta nova área poderá incrementar significativamente a produção de proteína animal no Brasil, seja para obtenção de ração animal ou consumo humano, de uso interno e para exportação.

Insetos na alimentação humana e animal, embora inusitado na cultura brasileira, fazem parte da rotina de mais de dois bilhões de pessoas, em 120 países, como Índia, Tailândia e México. Gilberto Schickler conta que existem mais de um milhão de espécies conhecidas de insetos comestíveis e outros milhões para se conhecer.

A abertura deste mercado no Brasil e o investimento em pesquisas nessa área se devem a uma preocupação mundial, alertada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o risco de um colapso na indústria de alimentos em meados dos anos 2050. A FAO sugere que sejam intensificados os estudos para que seja incentivado o uso de insetos como fonte de proteína animal e para que não seja alterado o hábito dos grupos que tradicionalmente já os utilizam em suas dietas.

Gilberto Schickler proferiu palestra na UFLA em 9/10, esclarecendo sobre os benefícios do consumo de insetos na alimentação.

Diferencial no mercado

Diferente dos egressos da Universidade, Schickler não buscou um caminho comum para inserção no mercado. Quando se formou na UFLA, se uniu em parceria para lançar a primeira empresa brasileira a ter o registro no Ministério da Agricultura (Mapa) para a produção de insetos voltados para a alimentação animal. Hoje, atua como consultor independente de três novos empreendimentos nessa área.

Ele explica que no Brasil ainda é preciso quebrar a crença de que todos os insetos causam repulsa por viverem em más condições sanitárias. No país, este mercado inovador requer a criação em fábricas credenciadas e, ainda hoje, existem apenas registros para produção de insetos para alimentação animal. Além disso, os insetos são higienizados e processados, sobretudo, para o mercado de pequenos animais de estimação (PETs). Para esse mercado, o quilo dos insetos chega a ser vendido por até 200 reais, em especial para criadores de pássaros.

Para alimentação humana, ainda existe um longo caminho para a mudança de hábito. “Nosso papel é justamente o de esclarecer sobre os benefícios desse consumo”, reforça Schickler. Ele destaca alguns argumentos, entre eles, o risco de escassez de fontes de proteína no futuro; mas também destaca o valor nutricional, a palatabilidade e a flexibilidade para utilização da base proteica em uma grande variedade de produtos, como hamburguês, salsichas, nuggets e barras de cereais.

“Insetos são gostosos!”, defende o consultor, lembrando que no Brasil insetos já estão em pratos servidos por renomados chefes. Aliás, os insetos são alimentados com produtos similares à produção de frangos; legumes e ração de milho e soja. Existe apenas restrição de consumo para aquelas pessoas que já possuem alergia por crustáceos (camarão, lagosta, caranguejo).

Parcerias

O objetivo da palestra na UFLA, organizada pelo Núcleo de Estudos em Entomologia (Neento), foi para estimular novas pesquisas e incentivar empreendimentos. Um dos maiores desafios está no desenvolvimento de tecnologias para a produção controlada durante todo o ano e sistemas de comercialização do produto.

Algumas parcerias já estão sendo trabalhadas na UFLA. No Departamento de Zootecnia (DZO) será iniciada uma série de pesquisas.  Com o professor Antônio Gilberto Bertechini, será avaliado o uso de ração com selênio para o desenvolvimento de alimentos funcionais.  Com a professora Priscila Vieira e Rosa será avaliado o uso de farinha de insetos para produção de tilápia.  A professora Flávia Borges Saad deverá avaliar a digestibilidade da farinha de insetos para alimentação de cães e gatos.

Para a professora Rosangela Marucci, Departamento de Entomologia (DEN), coordenadora do Neento, o conhecimento na área de insetos comestíveis ainda é muito escasso, sendo o estudo dos insetos ainda muito focado no controle de pragas agrícolas. Para ela, uma nova linha de pesquisa no sentido de abordar os aspectos biológicos dos insetos para este fim é muito promissora. O ponto de vista ambiental também foi ressaltado pela professora, já que a produção desta fonte proteica requer pouco espaço, alimentos e água.

Para o chefe do DEN, professor Luís Cláudio Paterno Silveira, a produção de insetos para alimentação animal e humana é uma recomendação da FAO que merece a atenção da pesquisa. O professor observa boas perspectivas de estudos sobre a biologia dos insetos e o seu comportamento em diferentes ambientes.  Ele considera ainda que o ensino e a pesquisa nesta temática poderá formar um profissional com destacado diferencial no mercado de trabalho, com uma formação multidisciplinar.

Sabor aprovado

Sobre as “guloseimas” servidas ao final da palestra, houve uma receptividade positiva. Anderson Milani e Ivana Lemos, membros do Neento, aprovaram os produtos, destacando o chocolate com grilos pela crocância e a similaridade com flocos de chocolate.  Para a professora Ana Carla Marques Pinheiro, do Departamento de Ciências dos Alimentos (DCA), os insetos não interferem no sabor do chocolate. Especialista em análise sensorial de alimentos, Ana Carla já planeja uma parceria para a avaliação de novos produtos.

Veja na galeria abaixo mais algumas imagens do evento:

Doces de inseto...
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Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



Plataforma de busca disponibilizada pela PRP para localizar grupos de pesquisa, pesquisadores, projetos e linhas de pesquisa da UFLA