Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) do Departamento de Economia e Administração da Universidade Federal de Lavras (DAE/UFLA) analisou o comportamento do consumidor de cachaça de alambique em cinco cidades do Estado de Minas Gerais. O estudo foi realizado pelo egresso do mestrado Frederico Humberto de Oliveira e orientado pelo professor Luiz Henrique de Barros Vilas Boas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Para Frederico, “apesar de a cachaça ser um dos símbolos da cultura brasileira, a bebida ainda é muito cercada de preconceitos, originários da época do Brasil colônia. Vários são os elementos históricos e mercadológicos que a associam a uma bebida de baixa qualidade”. Segundo o mestre, fatores como regulamentação da produção, estratégias de marketing e incentivo à valorização de aspectos relacionados à cultura nacional têm criado um novo perfil de consumidor, representado por sujeitos que buscam bebidas de maior qualidade, que apreciam a cachaça de alambique.
O estudo procurou identificar os valores pessoais motivadores do consumo de cachaça de alambique e obteve traços de formação de identidade fundamentados nessas motivações e nos princípios de identidade, como preço e origem da cachaça (alambique ou industrial). A metodologia utilizada pelo estudo foi a aplicação de entrevista em profundidade, pela técnica da laddering, que permite a identificação das cadeias hierarquizadas de atributos, consequências e valores. O estudo foi realizado com consumidores residentes nas cidades de Belo Horizonte, Lavras, Uberaba, Uberlândia e Varginha. Ao todo, foram realizadas 47 entrevistas.
Os dados observados no Mapa de Valores Hierárquico foram: prestígio, benevolência – dependência, hedonismo, segurança pessoal e conformidade – regras. Além disso, o trabalho buscou a relação dos traços de formação de identidade com esses valores pessoais, a partir da identificação nas cadeias dominantes do Mapa Hierárquico de Valores. “Com essa pesquisa, foi possível ampliar o escopo de possibilidades de aplicação da teoria de cadeia meios-fim para além dos valores pessoais, possibilitando também conhecer aspectos da formação de identidade. A pesquisa trouxe contribuições teóricas, metodológicas e mercadológicas”, concluiu Frederico.
Segundo o professor Luiz Henrique, “a pesquisa permitiu um levantamento de informações que possibilita, no futuro, o desenvolvimento de novos produtos relacionados à cachaça, considerando as necessidades do consumidor e os atributos de maior importância para esses consumidores na hora da compra e do consumo da cachaça”.
O professor ressalta também que, a partir desta pesquisa, é possível desenvolver processos de comunicação com o consumidor de forma mais objetiva, entendendo os atributos e os valores que guiam o consumo. “Dessa forma, é possível determinar estratégias mais específicas e concretas sabendo exatamente aquilo que o consumidor procura”, afirma Luiz Henrique.
Texto: Melissa Vilas Boas, relações públicas - bolsista Dcom