A Bacia do Rio Doce é um dos territórios de Minas Gerais com maior grau de degradação da natureza, devido ao histórico de ocupação sem planejamento, à expansão de áreas urbanas, à ocupação por atividades agropecuárias e ao desmatamento da Mata Atlântica. Soma-se a isso o rompimento da barragem do Fundão, que aumentou o impacto ambiental nessa região. A revitalização das regiões degradadas às margens do Rio Doce é o objetivo de uma pesquisa do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/UFLA) aprovada recentemente para receber apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
O trabalho desenvolverá estratégias de recuperação ecológica por meio da seleção de espécies nativas, que serão utilizadas às margens do Rio Doce para restaurar as áreas florestais, não apenas as que receberam rejeitos, mas também locais que foram degradados pela ação humana - o que abrange toda extensão do curso da água, chegando até a divisa do estado de Minas com o Espírito Santo. “Este projeto de pesquisa multidisciplinar visa gerar conhecimento e desenvolver tecnologias para a restauração de ecossistemas florestais do rio, possibilitando a recuperação dos prejuízos sociais, econômicos e ambientais de áreas impactadas pelo rompimento da barragem e também das demais regiões afetadas”, explica a professora Soraya Alvarenga Botelho.
Serão avaliados processos de regeneração natural, utilizando métodos adequados para a revitalização e seleção de espécies nativas da região visando o desenvolvimento florestal natural. “Utilizaremos inventários da flora local, coleta de sementes e material vegetal, análises dos solos e rejeitos, além de executar testes experimentais em laboratório, viveiros e em campo”, aborda a professora.
Este projeto de restauração é algo novo e complexo, devido à grande diversidade de ecossistemas e ambientes naturais alterados e degradados por diferentes causas e com diferentes danos a serem recuperados. Os resultados do trabalho trarão propostas efetivas para a restauração das matas ciliares, das áreas de reserva legal e recarga hídrica, que são fundamentais para recuperar e trazer uma melhoria ambiental mais adequada às margens da bacia.
A professora explica que o avanço da ciência de restauração de ecossistemas florestais contribuirá para o crescimento da qualidade ambiental, incluindo melhorias na vida da população da região afetada e também na formação de conhecimentos humanos, uma vez que estarão envolvidos no projeto estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UFLA.
Ciência e Tecnologia em prol da Revitalização
Por iniciativa da Fapemig, por meio da Fundação Renova, 40 propostas foram analisadas e dentre elas, 15 selecionadas. A UFLA obteve aprovação de dois projetos de pesquisa para os ramos: Ciência e Tecnologia para recuperação ambiental da Bacia do Rio Doce: métodos, estratégias e indicadores de restauração de ecossistemas florestais, no valor de R$ 434.830,03, e Aplicabilidade do rejeito de mineração para a produção de materiais construtivos: efeito da incorporação de material lignocelulósico e baba de cupim sintética nas propriedades do adobe, com investimento de R$ 237.075,64.
Os projetos foram desenvolvidos por professores do Departamento de Ciências Florestais (DCF/UFLA) com duração de até dois anos para execução dos trabalhos.
Reportagem: Caroline Batista, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA
Imagens: Eder Spuri - bolsista Dcom/Fapemig e Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA