Coleção de Culturas de Microrganismos do Departamento de Ciência dos Alimentos (CCDCA), recentemente credenciada como fiel depositária de amostras. Na foto, a pesquisadora Michele Ferreira Terra e o professor Luis Roberto Batista

Detentor da maior biodiversidade do planeta, o Brasil atrai a atenção de pesquisadores do mundo inteiro em virtude da variabilidade genética. Essa importância é ainda maior quando o material é devidamente organizado, classificado, documentado e disponível para depósitos e acessos, seja para pesquisa ou aplicações industriais. Sobretudo, após a aprovação da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, conhecida como o Marco Legal da Biodiversidade, e da Lei 13.243, de 11 de janeiro de 2016, conhecida como o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) é uma das instituições públicas brasileiras que mantém centros de conservação de recursos genéticos ex situ que contribuem efetivamente para o avanço da ciência e para o desenvolvimento tecnológico. Esse é o caso da Coleção de Culturas de Microrganismos do Departamento de Ciência dos Alimentos (CCDCA), que foi recentemente credenciada como fiel depositária de amostras pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Esse credenciamento é como um selo de credibilidade para a CCDCA, localizada no Laboratório de Taxonomia Polifásica de Aspergillus e Penicillium (LATAX -DCA/UFLA). A Coleção de Microrganismos foi oficializada em 2010 e é mantida financeiramente por meio de projetos de pesquisa aprovados pelo CNPq e Fapemig.

Com o credenciamento, tornam-se ainda mais relevantes as funções da CCDCA ao adquirir, caracterizar, manter e distribuir microrganismos para a comunidade científica e industrial. Reforça-se ainda como importante recurso para o desenvolvimento de pesquisas sobre biodiversidade, taxonomia, potencial biotecnológico e curadoria, ampliando sobremaneira as possibilidades de parcerias com instituições nacionais e internacionais.

Atualmente, o acervo tem aproximadamente 600 isolados pertencentes aos gêneros Aspergillus e Penicillium. Esses fungos foram isolados de diferentes substratos, como grãos de café, uvas viníceras, amêndoas de cacau, especiarias, plantas medicinais, solos de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, áreas cultivadas e áreas de mineração. Eles representam os principais gêneros de importância para a indústria de alimentos.

Potencial biotecnológico para aplicação em novos alimentos e fármaco

Na prática, esse verdadeiro arquivo biológico, cuja sobrevivência é garantida por diferentes técnicas de preservação, contribui para entender não apenas a ação de organismos patogênicos (causadores de doenças), como também para identificação de potencial biotecnológico para aplicação em novos alimentos e fármacos.

Para o diretor e curador da Coleção, professor Luis Roberto Batista, a CCDCA é uma inesgotável fonte de pesquisa e de ensino, de forma dinâmica e ativa. Com o credenciamento, o professor acredita que as linhas de pesquisas serão fortalecidas e novas formas de parcerias já começam a ser avaliadas.

Como prova desse potencial, atualmente o grupo de especialistas trabalha na caracterização e descrição de cerca de 20 fungos, que serão publicados pela primeira vez na literatura científica. Dentre eles, fungos com características especiais que podem representar grande potencial para indústria.

O diferencial das amostras da CCDCA é que são georreferenciadas durante a coleta, servindo de referência para outros pesquisadores da área

 

Benefícios da Lei – quebrando as barreiras

Com o Marco Legal da Biodiversidade, sancionado em maio de 2015, ficou regulamentado o acesso a material genético, incluindo a remessa para o exterior, mediante termo de acordo entre instituições. Além de reduzir as barreiras para parcerias com instituições de referência, o professor Luis Roberto destaca também a criação do Fundo Nacional para a Repartição de Benefícios (FNRB), que entre outras funções, poderá ser utilizado como apoio financeiro na manutenção de coleções de amostras, além do fomento à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à realização de inventários do patrimônio genético. O curador da CCDCA também é enfático na defesa do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, sobretudo, por regulamentar as parcerias entre a universidade e o setor produtivo, voltadas para preservação e uso biotecnológico relevante para a sociedade.

 

 

 

Maior visibilidade

A CCDCA é uma das 57 coleções brasileiras registradas na rede Culture Collections Information Wordwide (WDCM – World Data Centre for Microorganisms) e faz parte do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (ICMBio – Ministério do Meio Ambiente –MMA). O catálogo de microrganismos também está registrado no Centro de Referência em Informação Ambiental – CRIA, facilitando as parceriais com instituições credenciadas. Essa rede atua especificamente na área de informação biológica, de interesse industrial e ambiental, contribuindo diretamente para a conservação e utilização racional da biodiversidade no Brasil. O diferencial das amostras da CCDCA é que são georreferenciadas durante a coleta, servindo de referência para outros pesquisadores da área.

O acervo tem aproximadamente 600 isolados pertencentes aos gêneros Aspergillus e Penicillium

Biodiversidade, Preservação e Bioprospecção

Uma das linhas de pesquisa que destacam a CCDCA é voltada para a identificação e isolamento de fungos do gênero Aspergillus spp. e Penicillium spp.em solo de área de mineração, com a avaliação do potencial biotecnológico. “Embora alguns biocatalisadores tenham sido e ainda são extraídos de plantas e animais, a maior parte das enzimas industriais utilizadas são obtidas de microrganismos (bactérias e fungos)”, reforça o professor Luis Roberto.

Outro estudo que merece realce tem como enfoque a avaliação da influência das mudanças climáticas na distribuição das espécies toxigênicas e a incidência da ocratoxina A em grãos de café produzidos em Minas Gerais. Por ser um estado com elevada extensão territorial, apresenta regiões produtoras de café com características climáticas bem distintas, o que torna o estudo bastante interessante, principalmente, na identificação das regiões que serão mais susceptível a contaminação com fungos toxigênicos nos próximos anos.

 

Outra linha de pesquisa que fortalece a CCDCA refere-se ao estudo de fungos toxigênicos na produção de uvas finas. Os estudos sobre os parâmetros abióticos que influenciam na susceptibilidade de contaminação das uvas com ocratoxinas contrinuem para garantir ao consumidor a qualidade e segurança micotoxicológica dos vinhos.  O grupo de pesquisa da UFLA tem parceria com vinículas da região, permitindo o conhecimento da Microbiota Terroir e a preservação de bactérias, leveduras e fungos filamentosos na CCCDA/UFLA.

 

Formação diferenciada

Além dos benefícios para a pesquisa, a Coleção de Culturas também serve como importante material para auxiliar os professores da UFLA na condução de aulas práticas, tanto na graduação como na pós-graduação. Contibui ainda para a formação de taxonomistas, profissional carante no País da biodiversidade. Frequentemente são ofertados cursos de capacitação, como parte do Programa de Capacitação em Taxonomia – Protax/CNPq.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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