A metodologia de ensino usada por professores em contextos didáticos pode facilitar, e muito, a aprendizagem dos estudantes. Pesquisa realizada na Universidade Federal de Lavras (UFLA) buscou traduzir e adaptar culturalmente um instrumento de autoavaliação que tem o objetivo de identificar os estilos de ensino adotados por professores de Educação Física escolar. O documento será disponibilizado para utilização tanto por parte dos professores quanto por pesquisadores da área.

Baseada no Espectro de Estilos de Ensino proposto pelo educador israelense Muska Mosston, a pesquisa buscou identificar as diferentes maneiras de conduzir a aula. Isso possibilita uma visão ampla sobre a variação nos estilos de ensino, de forma a atender os diversos domínios do ser humano, que são compostos por aspectos físicos, cognitivos e psicossociais.

O interesse pelo tema surgiu a partir da percepção que os estilos de ensino não são tão estudados atualmente no Brasil, devido à falta de fontes de pesquisa e informação, tampouco utilizados de forma consciente na Educação Física escolar. Os pesquisadores acreditam que um instrumento de autoavaliação, e em especial este, que já é consolidado em outros países, pode ser benéfico para que novas pesquisas na área sejam realizadas. Essa iniciativa pode viabilizar inovações técnico-científicas e a potencialização da prática pedagógica por parte dos professores.

A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado do estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado Profissional da UFLA, Vitor Pereira de Oliveira, sob orientação do professor da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS/UFLA) Alessandro Teodoro Bruzi.

De acordo com Vítor, a autoavaliação possibilita aos professores medirem a frequência com que acreditam utilizar determinados estilos de ensino em suas aulas. “É importante que os professores conheçam os estilos de ensino que utilizam. Isso possibilita a reflexão sobre a sua prática docente e a melhora no direcionamento dos conteúdos, traçando as melhores estratégias de ensino para cada aula.”, comenta.

O processo metodológico

A pesquisa foi dividida em seis etapas. A primeira foi a tradução do instrumento de autoavaliação do inglês para o português. Esta fase foi realizada pela professora da Boise State University, em Idaho (EUA), Mariane Faria Braga Bacelar, e pela professora do Departamento de Estudos da Linguagem (DEL/UFLA) Aline Barreto Costa Braga. A segunda etapa foi a síntese das duas versões que foram traduzidas pelas pesquisadoras. Foram feitas avaliações e comparações sobre quaisquer discrepâncias semânticas, idiomáticas, conceituais, linguísticas e contextuais entre as mesmas. A partir disso foram debatidos entre os pesquisadores envolvidos as semelhanças e diferenças encontradas, com o intuito de gerar uma única versão do instrumento.

Após a síntese da versão traduzida, os pesquisadores buscaram o auxílio de especialistas do mesmo ramo e complementares da pesquisa, para que mais uma avaliação do documento fosse feita. Para tanto, foi criado um comitê composto por três professores: um especialista em linguística, outro nos estilos de ensino de Mosston e o terceiro em formação de professores. Eles avaliaram aspectos como a estrutura, o layout, instruções e expressões transculturais presentes no documento, além de especificidades de cada área.

A quarta etapa constituiu-se em um grupo focal para aplicação da autoavaliação. Foram selecionados seis professores de Educação Física que possuíam características compatíveis com o público-alvo desejado, e lecionam em diferentes etapas da educação básica. Os docentes possuem tempos de atuação distintos e exercem a profissão em diferentes escolas, tanto da rede pública, quanto privada. Ao preencherem a avaliação, foi solicitado que eles indicassem más compreensões, discordâncias, constrangimentos, entre outras dúvidas que pudessem surgir sobre a avaliação. O objetivo desta fase da pesquisa foi verificar se as instruções são claras e os termos e expressões adequados para a realidade dos professores.

Na etapa seguinte, a avaliação traduzida para o português foi encaminhada a uma professora da UFLA nascida nos Estados Unidos, que além de ter o inglês como sua língua materna, é fluente na língua portuguesa. Ela realizou a tradução, agora do português para o inglês, sem ter acesso ao documento original. Essa etapa é chamada de tradução reversa, ou seja, o instrumento já traduzido foi readaptado para o idioma original. O objetivo é demonstrar que a adaptação para a língua portuguesa foi bem sucedida e não distorceu as ideias originais do instrumento, permitindo um alto nível de similaridade na tradução reversa. Em seguida, os pesquisadores envolvidos no projeto se reuniram novamente para avaliar o nível de semelhança entre a versão obtida nesta etapa e a versão original.

Durante a sexta etapa foi realizado um estudo piloto, que consiste na aplicação do objeto de estudo, no caso a autoavaliação traduzida e adaptada transculturalmente, em uma pequena amostra, que reflete as características do público que pretende-se conhecer ou atingir. O estudo foi feito por meio da aplicação de um questionário.

Os Espectros de Estilos de Ensino

Dentro do espectro são abordados onze estilos de ensino, sendo eles: estilo por comando, por tarefa, avaliação recíproca, auto-checagem, inclusão, descoberta orientada ou guiada, solução de problemas convergentes, solução de problemas divergentes, programação individualizada, iniciado pelo aluno e autoensino. Alguns deles apresentam características centralizadoras, em que o professor detém o poder da tomada de decisão e torna-se o centro do processo de ensino-aprendizagem. Já em outros estilos, o ensino ocorre de forma descentralizada, em que os estudantes desempenham um papel mais ativo em seu aprendizado. Na prática, os estilos de ensino podem coexistir.

A versão traduzida e adaptada ao público brasileiro estará disponível em breve gratuitamente no Repositório da UFLA, por meio do acesso à dissertação de mestrado de Vitor Pereira de Oliveira. Apesar de o instrumento possuir características específicas para os profissionais de Educação Física, segundo Vitor ele pode ser adaptado parcialmente a professores de outras áreas de ensino. Para outras informações, o pesquisador atende pelo e-mail vitorpereira9@hotmail.com.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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