Neste mês, os produtores de Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural alcançaram mais uma conquista: o Governo de Minas Gerais regulamentou a identidade e qualidade para produção dessa variedade mineira. A medida foi anunciada durante a abertura da sexta edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas Gerais, pelo vice-governador do Estado Mateus Simões de Almeida. O evento foi realizado  no Expominas em 13/6, em Belo Horizonte (MG). Estudos científicos desenvolvidos na Universidade Federal de Lavras (UFLA) contribuíram com o processo que resultou na regulamentação.

Uma formalização dessa variedade de queijo foi publicada em dezembro de 2022 pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), amparada por pesquisas realizadas no Departamento de Ciência dos Alimentos da  UFLA (DCA/UFLA). Na ocasião, foi identificado o fungo que cresce na superfície da iguaria, o Geotrichum candidum, que foi isolado e preservado pela equipe do Laboratório de Microbiologia dos Alimentos do DCA, sob a coordenação do professor Luis Roberto Batista. 

Minas Gerais foi o primeiro Estado brasileiro a formalizar o queijo artesanal com casca florida. Até então, a comercialização do produto não era legalmente regulamentada por não se saber qual era o fungo presente no QMA e se seu consumo era seguro. Além das pesquisas conduzidas na UFLA, estudos realizados pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também contribuíram para essa formalização em 2022, que possibilitou a comercialização do produto de forma legal e seu consumo seguro.

Com a portaria mais atual, publicada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) no dia 12/6, os produtores passam a ter orientações sobre como o queijo deve ser elaborado, seguindo as regras de segurança sanitária estabelecidas pelo IMA. O regulamento inclui normas relacionadas às análises laboratoriais exigidas, fluxograma de produção, temperatura da queijaria, umidade e tempo mínimo de maturação.

As pesquisas na UFLA que colaboraram com o processo são realizadas desde 2016, e até o momento envolveram o desenvolvimento de três teses de doutorado, sete dissertações de mestrado e dois artigos científicos em periódicos específicos, todos concluídos, e três teses e uma dissertação em andamento nos programas de pós-graduação de excelência da Universidade Federal de Lavras, especificamente nos programas de Ciência dos Alimentos e de Microbiologia Agrícola, além de palestras e apresentação de resumos em congressos nacionais e internacionais.

Para a regulamentação em 2024, houve a contribuição de estudos feitos no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas (SP), em parceria com o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) - campus Bambuí.

Novos desdobramentos da pesquisa realizada na UFLA

Estudos recentes realizados na UFLA constataram que o fungo Geotrichum candidum, encontrado na casca do queijo, além de não apresentar riscos à saúde do consumidor, também é benéfico para o produto final. Esse fungo protege o queijo contra a ação de patógenos e outros microrganismos indesejáveis. O uso da microbiota nativa, conforme historicamente é produzido, respeitando as boas práticas agropecuárias e as boas práticas de higienização na produção, garantem um produto com identidade, autenticidade, qualidade e segurança.

Mais detalhes sobre a pesquisa que contribuiu para a formalização em 2022 podem ser conferidos em ciencia.ufla.br. Também foi publicada pela UFLA, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), uma cartilha informativa destinada aos produtores de queijo.

A Ciência como aliada das políticas públicas

A demanda pela formalização do QMA surgiu a partir dos próprios produtores de queijo (inicialmente com o produtor da região do Serro, em Minas Gerais, Tulio Madureira), que encontraram na universidade o amparo necessário para melhorar sua qualidade de vida e de trabalho, por meio de pesquisas científicas validadas. Esse tipo de regulamentação reforça o papel crucial da ciência como norteadora de políticas públicas, visto que ela oferece uma base sólida de evidências e conhecimentos que ajudam na tomada de decisões benéficas à sociedade. É uma das formas pelas quais instituições de pesquisa, como a UFLA, devolvem à comunidade os investimentos realizados ao longo dos anos.

Em nota publicada no site oficial do Governo de Minas Gerais, o vice-governador do Estado disse que “os nossos produtores, agora, poderão acessar mercados que antes estavam fechados. A certificação garante não só a segurança sanitária, mas coloca nossos queijos em condição de competição internacional com todos os principais queijos mofados do mundo". A expectativa é de que, em breve, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural seja reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



Plataforma de busca disponibilizada pela PRP para localizar grupos de pesquisa, pesquisadores, projetos e linhas de pesquisa da UFLA