Com o crescente número de casos registrados da Covid-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-19), muitas pessoas têm procurado o programa de saúde da família (PSF’s), hospitais, farmácias e laboratórios para realizar testes que podem indicar positivo ou negativo para a doença.
Mas, afinal, quando deve ser feito o teste? Segundo a pró-reitora de Pesquisa e co-coordenadora do LabCovid da UFLA, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, como o coronavírus se espalha principalmente pelo contato próximo entre as pessoas, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos orienta o rastreio de contactantes para conter a disseminação do vírus, uma medida adotada por diversas cidades no mundo. “Quando temos um positivo, é importante saber quem teve contato com essa pessoa por um período superior a 15 minutos e com menos de 1 metro e meio de distância. Essas pessoas devem ser testadas para isolar, com segurança, os assintomáticos, diminuindo as chances da circulação viral. Sem dúvida, essa é a melhor forma de prevenção, até que todos estejam vacinados”, explica Joziana.
A pesquisadora esclarece ainda que, caso uma pessoa tenha tido contato com alguém positivo, o melhor a fazer é se isolar e, se houver disponibilidade, fazer o teste de PCR o mais rápido possível. “Se não for possível realizar o teste de RTq-PCR, a pessoa deve aguardar de 7 a 14 dias isolada para realizar o teste sorológico, mesmo que não apresente sintomas da Covid-19”. Joziana ressalta a importância de fazer o teste para identificar quem é positivo e melhorar o isolamento, evitando o chamado negligenciamento. “Muitas vezes, por não apresentar sintomas, a pessoa acha que está sem a doença e continua saindo de casa, mesmo que para ir ao mercado ou à farmácia. Mas isso não pode ocorrer, porque ela pode transmitir o vírus. Por isso, é importante que os assintomáticos se isolem e sigam todas as recomendações do Ministério da Saúde para casos positivos, para as medidas preventivas não falharem.”
Principais tipos de testes para detecção da Covid-19
Teste Rápido (Teste por Sorologia)
É feito a partir de uma gota de sangue coletada na ponta do dedo, sangue total, plasma ou soro. Nesse teste é feita a pesquisa de anticorpos no sangue do paciente, que muda de cor quando entra em contato com o reagente.
Baseado na técnica de imunocromatografia de fluxo lateral, o teste fica pronto em 15 minutos e demonstra apenas de forma qualitativa se o indivíduo tem ou não anticorpos IgM/IgG específicos do vírus. Deve ser feito a partir do décimo quarto dia do início dos sintomas. O resultado do teste isoladamente não confirma, nem exclui completamente o diagnóstico de casos suspeitos da Covid-19. “Muitos testes sorológicos possuem padrões definidos pelo Ministério da Saúde. É um método muito eficaz, que já foi muito testado”, explica Joziana.
Teste Swab Molecular (RTq-PCR)
Nesse tipo de teste, é utilizado o Swab, um instrumento parecido com um cotonete que é introduzido até a nasofaringe para coleta de secreção nasal. É indicado para pessoas que tiveram sintomas de Covid-19 e também assintomáticos, podendo ser realizado a partir do 1º dia de início de sintomas, e preferencialmente entre o terceiro e o sétimo dia de doença. O teste molecular de RTq-PCR em tempo real baseia-se na detecção de sequências únicas de RNA viral. Esse é o principal teste laboratorial disponível para o diagnóstico de pacientes apresentando sintomas (sintomáticos) e assintomáticos na fase inicial da Covid-19. Também é o teste mais seguro (acima de 90% de eficiência), e dificilmente apresenta um resultado falso positivo. Os laudos costumam sair em pelo menos sete dias. “ A RTq-PCR é um teste mais caro e que demora mais tempo. Para identificar a infecção patente naquele momento e a presença do vírus, é o melhor método, mas ele não é indicado para testar pacientes com mais de 14 dias de infecção - ele pode dar falso-negativo nesse período, enquanto o sorológico dá positivo. Portanto, cada teste tem suas vantagens e desvantagens”, afirma Joziana.
Teste de Antígeno para Covid-19
É um exame imunológico rápido, que avalia a proteína viral do SARS-CoV-2 no organismo. Também utiliza a coleta de amostras por Swab (cotonete) e fica pronto em 30 minutos. Esse teste é indicado para pessoas com suspeita clínica da doença, preferencialmente antes do sétimo dia de sintomas ou assintomáticos que tiveram contato com pessoas positivas, porém nesse caso, o diagnóstico pode ser falso-negativo, sendo recomendada a repetição do teste após 72 horas. Mesmo que o teste seja negativo e o paciente apresente sintomas típicos da doença há menos de 7 dias, é indicada a testagem via RTq-PCR.
Testagem em Lavras
Para quem precisa fazer os testes em Lavras, a orientação da pesquisadora é buscar atendimento nos PSF’s ou na Unidade de Pronto Atendimento, em caso de urgência. As pessoas podem entrar em contato também pelo Telecovid, disponível no endereço www.causascomuns.com.br/telecovid e agendar um horário. O atendimento é realizado de forma virtual por médicos, enfermeiros e farmacêuticos, das 7h às 21h, de segunda a sexta-feira (exceto feriados).
A pesquisadora e coordenadora do LabCovid esclarece que o laboratório da UFLA não recebe demandas diretamente, ou seja, não atende pessoas que buscam realizar o exame por conta própria. “Nós recebemos as demandas somente via Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da atenção primária ou da UPA. Essas amostras são encaminhadas pela Vigilância Epidemiológica para o LabCovid. Nossa outra forma de testagem é a institucional, quando realizamos testes de grupos considerados estratégicos na rotina de prevenção, grupos considerados mais vulneráveis e com alta taxa de transmissão, como profissionais de saúde, bombeiros, pacientes do Lar e Vida, entre outros”, acrescenta.
O LabCovid realiza testes de biologia molecular (Swab Nasal) e é credenciado à Fundação Ezequiel Dias (Funed). Até o momento, já foram processadas mais de 1.500 amostras, incluindo de profissionais da saúde de três hospitais da cidade, Bombeiros, amostras ambientais, indivíduos sintomáticos e assintomáticos.
Reportagem: Karina Mascarenhas - Jornalista, Bolsista DCOM/UFLA