Dissertação de mestrado mostrou que, além de eficazes contra o fitopatógeno, bactérias auxiliam no crescimento da planta
O alho é um tempero que não pode faltar no prato de grande parte dos brasileiros. O consumo no Brasil é um dos maiores do mundo: cerca de 1,5 Kg por habitante ao ano. Trazido pelos portugueses, o vegetal tem se adaptado a diferentes condições climáticas em todo País, e Minas Gerais se tornou um dos principais produtores nacionais.
A hortaliça, porém, é alvo de muitas doenças, causadas principalmente por fungos. Para ajudar produtores mineiros, uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Microbiologia Agrícola utilizou bactérias endofíticas, ou seja, que sobrevivem no interior do tecido vegetal, como uma alternativa sustentável de combate a esses fungos.
A pesquisa foi realizada pelo biólogo Paulo Sérgio Pedroso Costa Júnior em sua dissertação de mestrado. “Nosso objetivo foi isolar e avaliar bactérias endofíticas do alho que são mais resistentes em campo, para sabermos seu potencial de promoção de crescimento. De 48 bactérias endofíticas que identificamos na raiz do alho, quatro foram selecionadas e inoculadas no meristema de alho na cultura de tecidos. Nós observamos que elas promoviam o crescimento do alho de forma direta, através da produção de hormônios vegetais, fixação de nitrogênio e solubilização de minerais. Além disso, as bactérias promoveram o crescimento de forma indireta ao inibir o fitopatógeno, que nesse caso foi o fungo Sclerotinia sclerotiorum, causador da doença chamada Mofo Branco.”
Conforme o pesquisador, as plantas se tornaram resistentes ao fungo, se comparadas com outras que não tiveram a inoculação do microrganismo. O trabalho foi orientado pela professora Joyce Dória Rodrigues Souza, do Departamento de Agricultura (DAG / UFLA). A docente explica que as mudas já tratadas com bactérias benéficas diminuirão os custos com insumos agrícolas e contribuirão para aumentar a produtividade. “O produtor poderá adquirir mudas já tratadas com bactérias que são benéficas tanto para combater a doença quanto para promover o crescimento das mudas. Ou então, ele poderá utilizar essas bactérias no pós colheita, já que os bulbos de alho depois de colhidos podem ser contaminados com fungos. Desse modo, o fungo não se desenvolve e o bulbilho fica viável para ser comercializado.”
Confira a matéria sobre a pesquisa:
Reportagem: Karina Mascarenhas - bolsista Dcom/Fapemig
Edição de vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA