Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) avaliou o enfolhamento de cafezal por meio de imagens registradas durante um ano, conseguindo então comprovar que a redução da chuva afeta no desenvolvimento das folhas. Sendo o sul de Minas Gerais um importante produtor e exportador dos grãos, o pesquisador Vicente Luiz Naves, do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal da UFLA, em sua tese de doutorado, monitorou um experimento em pés de cafés no câmpus da universidade.
Ele trabalhou com três tratamentos diferentes, sendo: um com redução de 25% de chuva através de calhas translúcidas suspensas, instaladas acima da copa das plantas; outro com essa cobertura, mas sem redução de chuva e um sem cobertura. “Colocamos calhas fabricadas com material transparente para excluir a carga de chuva, seguindo uma porcentagem relacionada com a previsão climatológica, assim como relacionada às características do solo”, explica o pesquisador Vicente Luiz Naves.
O pesquisador avaliou o crescimento de folhas e a área foliar através de análise de imagens. Para isso, foi necessário inovar e modificar metodologias já existentes. A partir desse método, foi possível medir como a área foliar dos ramos modificou quinzenalmente nos tratamentos aplicados. “Esse método, que utilizou imagens fotográficas e um software de livre distribuição - Imagetool - permitiu monitorar a área das folhas dos ramos do cafeeiro. O uso de imagens é muito utilizado em vários ramos da ciência e esse método tem como base ferramentas já disponíveis, possibilitou a obtenção de resultados muito mais precisos e que antes não havia para a cultura do café”, destaca o pesquisador.
O estudo também avaliou o Índice de Área Foliar (IAF) que representa a área de folha pela área de terreno, e como a planta se ajustaria a uma menor quantidade de água. “A metodologia utilizada permitiu uma precisão maior da área foliar, que afeta diretamente na produção da planta; se você tem uma maior área foliar geralmente há uma maior produção de plantas de café; se a área foliar é reduzida a produtividade da planta é afetada”, constatou o pesquisador.
Além disso, o pesquisador relata que teve como ponto de partida as previsões meteorológicas que indicam uma probabilidade de intensificação e amplificação de períodos secos de 2015 a 2050 para o sul de Minas, contudo “os nossos modelos climatológicos não demonstraram tendência de intensificação de seca para a região, uma possível boa notícia para os cafeicultores dessa importante região produtora”, afirma Vicente.
A pesquisa contou com a parceria do Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da UFLA (LEV), consórcio Embrapa Café, InovaCafé e do Núcleo de Estudos em Cafeicultura (Necaf), além disso recebeu apoio do professor Serge Rambal do Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva na França (CEFE-CNRS).
Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA