Os adeptos da boa culinária não deixam faltar, em sua lista de temperos, o alho. Essa hortaliça, adorada por muitos, é considerada uma das mais consumidas no Brasil. Para atender a grande demanda, cerca de 50% do alho vendido no país é importado. Esse fator gera impactos negativos tanto no preço quanto na competitividade do produto brasileiro. Com o objetivo de mudar esse cenário, uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (DAG/UFLA) em parceria com a Embrapa Hortaliças, sob a orientação do professor Valter Carvalho de Andrade Júnior com apoio do pesquisador Francisco Vilela de Resende (Embrapa), visa melhorias para o cultivo do alho.
O alho é uma planta de propagação vegetativa, ou seja, sua multiplicação é feita a partir dos bulbilhos (dentes de alho), originando indivíduos idênticos à planta-mãe. Como esse processo não permite a variação genética, após sucessivas multiplicações, os genótipos cultivados tendem a apresentar degenerescência com o acúmulo de diferentes doenças, principalmente viroses, causando grandes perdas na produtividade e na qualidade dos bulbos. “A obtenção de plantas livres de vírus somente é possível por meio de um processo conhecido como limpeza clonal, realizado em laboratórios especializados que envolvem técnicas específicas", explica Valter.
Outro ponto importante que está sendo objeto da pesquisa é o estudo de genótipos com potencial para produção de sementes botânicas, sendo o processo de florescimento da cultura essencial para a obtenção de sementes, gerando variabilidade e possibilitando o melhoramento genético com a cultura que pode contribuir para o aumento da produção e melhorias na qualidade do alho produzido. Resultados parciais das pesquisas mostram que há genótipos com aptidão para florescimento e, consequentemente, com potencial para produção de sementes botânicas na região sul do estado, com resultados promissores quando se pensa na condução de programas de melhoramento do cultivo.
“A cultura do alho é de extrema importância no país. Minas Gerais é o maior produtor brasileiro, com uma produção média de 46 mil toneladas em 2017. O desenvolvimento dessas pesquisas poderá contribuir de forma significativa com o aumento da produtividade e da qualidade do alho produzido, diminuindo os custos da produção", complementa o professor.
Para suprir a demanda do mercado brasileiro, tem-se recorrido à importação do alho da China, da Espanha e da Argentina que, ao chegarem ao mercado brasileiro, apresentam preços mais baixos do que o produto nacional. Valter explica a importância das pesquisas para gerar melhorias na produção da hortaliça no país. “Metade do alho que consumimos é importado, com isso vemos que existe um mercado promissor e podemos ser autossuficientes na produção. É por isso que precisamos investir em pesquisas, desenvolvendo tecnologias que contribuam para o agronegócio, gerando renda e emprego, melhorando a qualidade de vida, não só do produtor rural, mas também da região onde esse cultivo estará inserido”.
SAIBA MAIS SOBRE O ALHO
Originado nas zonas temperadas da Ásia Central, o alho espalhou-se para a região Mediterrânea e dali seguiu para o extremo oriente, chegando depois à Europa. Acredita-se que a hortaliça chegou ao Brasil por meio de algum país da América do Sul. A cultura do alho estende-se por quase todo o mundo, dada à importância do condimento na culinária, no mercado agrícola e também devido às suas propriedades terapêuticas.
O alho possui alto valor nutricional, é composto por vitaminas A, do complexo B e C, aminoácidos e sais minerais, como ferro, silício e iodo. A hortaliça também é indicada no tratamento de hipertensão e na redução dos níveis de colesterol. Suas características bioquímicas atribuem-lhe propriedades antibacterianas, antifúngicas, antivirais e antiparasitárias.
Texto: Caroline Batista, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Imagens: Eder Spuri - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA