As barrinhas de cereais são lanches práticos muito utilizados por quem faz dieta para emagrecer. Outro aliado da balança é o hibisco, bastante consumido na forma de chá. As características chamaram a atenção de pesquisadoras dos departamentos de Química (DQI) e de Engenharia de Alimentos (DCA) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que resolveram criar um projeto inovador: colocar todos os benefícios da flor de hibisco em barras de cereal.
No Laboratório de Bioquímica do DQI, a planta exótica de origem africana foi desidratada e se tornou ingrediente de geleia sem adição de açúcar. Com a fórmula, as pesquisadoras criaram duas barras de cereais: uma recheada e outra com a geleia misturada na composição. Para enriquecer o alimento, ainda foram acrescentados aveia, que é rico em fibras e proteínas, e óleo de chia, famoso pelo alto teor de antioxidantes e ômega 3. Além dos benefícios nutricionais agregados à adição do hibisco, as barras desenvolvidas na UFLA ainda contêm 60 calorias em uma porção de 20 gramas, ou seja, são menos calóricas do que a barra convencional encontrada no comércio (em torno de 70 calorias).
Para testar a aceitação, 80 provadores avaliaram as barrinhas nos quesitos sabor, textura, aparência e impressão global. “A composição da barra foi pensada para atender valor nutricional e pelo menos 85% dos participantes aprovaram o produto”, informou a estudante do DCA Vitória Pinto dos Santos.
Os efeitos da adição da geleia de hibisco em barra de cereal convencional também foram analisados. A inovação duplicou o percentual de fibras e proteínas do produto. “Comprovamos a diminuição da quantidade de lipídios (gordura) e a redução de carboidratos no alimento”, afirmou a orientadora da pesquisa, a professora de Bioquímica do DQI Luciana Lopes Silva Pereira.
Alerta
Barras de cereais são amplamente consumidas como lanches rápidos, mas nem sempre são alimentos saudáveis. “Em muitas delas, é alta a quantidade de açúcares e gorduras adicionadas”, alertou Luciana Lopes Silva Pereira.
A universidade aposta, há quatro anos, em desvendar a principal matéria-prima utilizada nesta barra de cereal: a flor de hibisco, que enriqueceu o valor nutricional e funcional do alimento desenvolvido.
Segundo a professora do DQI, pesquisas da UFLA já apontaram compostos na flor de hibisco capazes de inibir enzimas que digerem os carboidratos. “Triagens fitoquímicas identificaram classes de compostos que promoveram uma alta inibição da enzima alfa-glicosidase, responsável pela etapa prévia da digestão de carboidratos. Ensaios in vitro simulando o fluido gástrico apontaram que tais moléculas não perdem a atividade inibitória da alfa-glicosidase no processo de digestão. Estes resultados sugerem que tal mecanismo pode estar relacionado ao efeito emagrecedor”, ressalta.
Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Mayara Toyama - bolsista Dcom/Fapemig