A renda média do produtor rural do Sul de Minas Gerais, calculada pelo Índice de Preços Recebido- IPR (relativo aos preços recebidos pelos produtos comercializados pelos produtores rurais), apresentou elevação média no ano de 2019 de 21,42% e os insumos para a produção agropecuária, segundo o Índice de Preços Pagos- IPP (relativo aos preços pagos aos insumos para produção), tiveram um aumento médio de 5,59%, de acordo com a pesquisa desenvolvida no Departamento de Gestão Agroindustrial da Universidade Federal de Lavras (DGA/UFLA).
Na composição do IPR a maior elevação positiva foi com relação ao grupo dos grãos, com variação média de 34,50%, sendo que o feijão teve a maior variação, de mais de 80% (no início do ano a saca de 60Kg estava cotada em torno de R$ 136,00, já no final em R$ 255,00). O milho também apresentou aumento de 47%, terminando o ano com o valor médio de R$ 46,50 a saca de 60Kg.
Para o professor Renato Fontes (DGA/UFLA), coordenador da pesquisa, o aumento do preço na saca de feijão deve-se ao desinvestimento da atividade (por conta dos preços menores anteriormente), conjuntamente com uma diminuição dos estoques e o clima que sempre traz especulações mais acentuadas. Já em relação ao milho, o professor considera que a desvalorização do Real frente ao Dólar favoreceu as exportações, o que diminuiu a oferta interna do grão. “A combinação de uma maior demanda e uma menor oferta da commodity milho faz com que os preços busquem um equilíbrio em patamares superiores de valor, fato normal no mercado agropecuário das commodities”, comenta.
A pesquisa mostra que o café também apresentou uma forte recuperação nos seus preços no final do ano de 2019, saindo do valor de R$ 414,00 para cotação média de R$ 540,00 a saca de 60Kg. Essa amplitude de preço é referendada pela expectativa da oferta do café, principalmente da oferta oriunda do Brasil para o abastecimento do mercado internacional.
As carnes também tiveram aumento, uma média de 16,42%. O filé bovino teve uma alta de 28,54% (de R$ 40,60 para R$ 52,00 o Kg). “Essa alta da carne bovina reflete o aumento das exportações brasileiras, puxada por uma maior demanda principalmente da China, além da desvalorização do Real, que tornou a cotação em dólar da carne brasileira competitiva no mercado internacional, o que também impulsionou a exportação das carnes de aves e suínos” comenta o professor.
O professor destaca que de maneira geral a movimentação de preços no setor de produção agropecuária é normal, por ser caracterizado como mercado em concorrência perfeita. Mas, ele salienta que “em regra, as commodities agropecuárias apresentaram preços satisfatórios, principalmente no último trimestre o que pode impactar positivamente no agronegócio do sul de Minas Gerais”.