Sim, todos sonhamos. A afirmação já é consenso entre grande parte dos cientistas que estudam as atividades cerebrais durante o sono. Mas a experiência, apesar de fazer parte das rotinas noturnas, ainda permanece cercada de mistérios e é motivo de amplas discussões.

Muitas já foram as explicações para o sonho, de acordo com a professora do Departamento de Ciências da Saúde da UFLA (DSA), a neurofisiologista clínica e neurologista Francesca Maria Mesquita. Ele já foi considerado mensagem de deuses, sinais de bons ou maus presságios, até que no início do século XX, a partir das teorias do psicanalista Sigmund Freud, começou a ser estudado como representação simbólica de desejos reprimidos pela mente. “Além de todos os mistérios relacionados aos significados, muito ainda permanece desconhecido quanto às estruturas cerebrais responsáveis pela geração dos sonhos”, ressalta a professora.

Por que algumas pessoas se lembram dos sonhos e outras não?

Durante o sono, são identificadas duas fases distintas: o sono não REM, mais lento e profundo, e o sono REM (do inglês Rapid Eye Movement), durante o qual existe atividade cerebral mais rápida e episódios de movimentos oculares rápidos – é nesse estágio que se predominam os sonhos. Em um indivíduo saudável, o sono não REM e o sono REM alternam-se ciclicamente, com 4 a 6 ciclos ao longo da noite. O momento em que a pessoa desperta parece estar relacionado ao fato de se lembrar ou não do sonho, uma vez que sua ocorrência predomina na fase REM.

Além das regiões encefálicas relacionadas à geração do sono REM, o córtex pré-frontal (PFC), que está ligado ao controle de emoções e comportamentos, e as regiões parietal e occipital, responsáveis pelas sensações e pelo processamento de informação visual, respectivamente, estão ligados à geração dos sonhos. “Lesões nessas áreas poderiam interferir na ocorrência dos sonhos. Mas, até então, todas as pessoas sonham”, explica a neurologista.

As pessoas cegas sonham?

Sim. Os relatos sobre os sonhos em indivíduos que nasceram cegos mostram que eles vivenciam, durante o sono, experiências sensoriais que fazem parte de sua vida, como os sons, o cheiro e o toque. Mas aqueles que perderam a visão ao longo da vida e que já possuem um conjunto de memórias visuais, podem, sim, percebê-las nos sonhos.

Algumas pessoas falam ou andam enquanto estão sonhando. É comum?

Na verdade, esses eventos são chamados de parassonias, que são comportamentos episódicos não desejáveis durante o sono, e não estão associados aos sonhos. São mais comuns na infância, de 3 a 6 anos, e até a adolescência, e geralmente estão associados a um histórico familiar. Entre eles, estão os pesadelos, o sonambulismo, o bruxismo, o terror noturno e o transtorno comportamental do sono REM. Na maioria dos casos, são situações ocasionais e não afetam a qualidade de vida das pessoas.

Os pacientes com parassonia normalmente descrevem a ocorrência dos episódios em dias agitados. Alguns medicamentos e classes de antidepressivos também podem fazer com que os distúrbios fiquem mais frequentes, assim como certas doenças psiquiátricas ou condições específicas, como um estresse pós-trauma. “Há também casos em que a parassonia pode trazer certo risco, como no sonambulismo e no transtorno comportamental do sono REM, em que a pessoa pode acabar se machucando porque se movimenta dormindo. Nas crianças, os pesadelos podem levar à angústia e ao medo de dormir. É preciso avaliar cada caso individualmente e se existem causas ou consequências físicas e psicológicas”, ressalta Francesca.

A neurologista explica, ainda, que a expressão “sonhar acordado” é poética e não científica. “Os sonhos parecem recrutar memórias aleatórias e ocorrem necessariamente durante o sono. Se uma pessoa acordada tem uma percepção irreal ou fantasiosa, ela pode estar tendo, por exemplo, uma alucinação. Existe ali uma alteração do conteúdo de consciência daquele indivíduo”.   

Edição de vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA

 

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

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