A tecnologia faz parte da vida moderna - o celular já pode ser visto nas mãos de crianças que ainda nem aprenderam a andar. As ferramentas tecnológicas podem ser usadas inclusive para o ensino, mas como os diversos sujeitos que compõem a comunidade escolar se relacionam com as tecnologias? Quais as potencialidades e os limites de sua utilização? Essas são dúvidas que norteiam estudos na área.
Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), uma pesquisa desenvolvida pela estudante do curso de Licenciatura em Química Francyene Souza Portela, sob orientação do professor Paulo Ricardo da Silva, tem buscado entender visões sobre o uso de tecnologias na perspectiva de estudantes, professores e gestores de escolas públicas de Lavras.
O objetivo da pesquisa é compreender esses diferentes pontos de vista em relação às tecnologias, como forma de auxiliar a implementação dessas ferramentas de maneira significativa para o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas. “É interessante entender como cada grupo de sujeitos lida com o uso dessas tecnologias, e como elas são capazes de contribuir para a produção de conhecimentos: como os professores e alunos podem lidar e produzir novos conhecimentos, e ainda, como a escola pode contribuir e integrar novos conhecimentos à formação dos nossos estudantes, ” explica o professor Paulo.
Na pesquisa, Francyene aplicou questionários aos alunos com o intuito de analisar o que eles entendem sobre tecnologias, e se as usam dentro e fora das escolas. A discente também realizou entrevistas com as professoras que participaram como supervisoras no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) de Química e ponderou o que eles pensam sobre essas ferramentas, e quais os potencias para a utilização em aulas.
De acordo com a estudante, os professores apontam que equipamentos como celulares podem distrair os alunos, mas também podem utilizá-los em um contexto pedagógico, como para a realização de pesquisas, já que esse foi um ponto que ficou visível nos questionários. “Os alunos sabem usar o celular, mas não têm noção de como fazer uma pesquisa acadêmica, por exemplo”. Nesse sentido, o estudo mostrou que é necessário que os professores comecem a trabalhar com seus alunos como se deve fazer uma pesquisa ou um relatório, utilizar uma referência correta e assim prepará-los para a vida acadêmica. ”
Outro ponto que ficou evidenciado é com relação aos professores:“observamos que eles acreditam no potencial das tecnologias, mas houve a falta de oportunidade em sua formação de como utilizá-las de forma didática”.
Já na próxima etapa do trabalho serão realizadas entrevistas com os gestores pedagógicos das escolas, conforme relata Francyene: “nossa intenção é confrontar os choques de cultura; notamos que há um embate escolar: de um lado, a proibição do uso das tecnologias como celular, tablet e computador, e de outro, os alunos que entram nas escolas de posse dos celulares.”
Resultados das entrevistas realizadas com as professoras foram apresentados recentemente no trabalho intitulado “Estudo sobre a formação e concepções de professores de Química sobre o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação no ensino”, apresentado no XIX Encontro Nacional de Ensino de Química (Eneq), que ocorreu pela primeira vez na Região Norte, na Universidade Federal do Acre (Ufac). A intenção da discente é de levar os resultados deste trabalho também para as escolas assim que o estudo for concluído.
Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Rafael Paiva - estagiário Dcom/UFLA