Estudos comprovam que o número de mulheres que ingressam no ensino superior é maior do que o de homens, porém é preciso atentar para as áreas que elas estão se inserindo. É o que afirma a professora da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Vera Simone Schaefer Kalsing, do Departamento de Ciências Humanas (DCH), que, na pesquisa Mulheres no Ensino Superior investiga as diferenças no ingresso entre mulheres e homens nos cursos de graduação oferecidos pela UFLA.
A pesquisa tem o objetivo de verificar quais cursos elas estão matriculadas, bem como a colocação delas no mercado de trabalho, após a saída da universidade. Segundo a pesquisadora, é possível perceber que em cursos com uma inclinação maior ao cuidado e à educação, há um número maior de mulheres matriculadas, e com relação aos cursos das áreas de exatas e engenharias, o número de homens continua predominante.
"Temos que levar em conta os cursos que as mulheres estão escolhendo. Muitas vezes são cursos historicamente mais associados às atividades ditas femininas, como pedagogia, nutrição, enfermagem, cursos de licenciatura no geral, ou seja, cursos que estão relacionados ao cuidado e à educação. Atividades tradicionalmente delegadas às mulheres", destaca a professora.
Além disso, o Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Raça (GEPRG), coordenado por Vera, destaca a entrada de mulheres nos cursos de agrárias da UFLA, principalmente em Zootecnia e Medicina Veterinária. “Há um número maior de mulheres matriculadas nesses cursos, mas ao tratar de colocação no mercado de trabalho, nota-se uma preferência pela contratação de homens”.
A professora Vera ressalta que, na universidade, o fato das mulheres estarem em condições mais igualitárias de ocupação já proporciona mais diversidade. “Isso quer dizer, mais democracia, isso rompe barreiras, há uma conquista de autonomia para as mulheres. Acredito já avançamos muito, mas ainda temos muito a crescer. Precisamos da conscientização e da participação de toda a sociedade”, comenta.
Contrapartida
A pesquisa realizada aponta que o número de mulheres no ensino superior aumentou nos últimos anos, entretanto, esse crescimento não contempla as mulheres negras. A professora explica que é necessário fazer uma contextualização histórica do País, e analisar questões de gênero, raça e classe para compreender os resultados. Outro ponto importante é o fato dos números de docentes mulheres no âmbito acadêmico permanecerem muito abaixo.
“As mulheres estão entrando em maior número na universidade em relação aos homens, mas não as mulheres negras, é preciso fazer essa ressalva, as mulheres brancas estão entrando em maior número. E quando pegamos o número de docentes, os números estão bem abaixo com relação aos homens, por isso políticas de inclusão como a de cotas são extremamente necessárias”, aponta Vera Simone Schaefer Kalsing.
Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA