A Candeia (Eremanthus erythropappus) é uma espécie de árvore brasileira que produz um óleo essencial muito usado em indústrias farmacêuticas, cosméticas e alimentícias. A espécie está sendo ameaçada pela exploração madeireira indiscriminada, devido à presença do componente alfa-bisabolol, com significativa importância econômica. O forte interesse pelo óleo de candeia e seu componente alfa-bisabolol se deve às inúmeras propriedades antimicóticas, dermatológicas, anti-inflamatórias, antibacterianas, cicatrizante, calmante, entre outras. Está presente em diversos produtos como xampu, creme para pele, protetor solar, batons, visto que as suas características não causam irritações na pele.

Por conta da relevância desse óleo, um grupo de pesquisadores do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/UFLA) desenvolveu uma nova metodologia para que seja possível selecionar em campo as árvores que produzem mais óleo essencial, para que assim, não haja mais a necessidade de cortar as árvores para realizar as análises químicas em laboratório, e ainda possibilitar uma redução de tempo e custo.

Para que isso fosse possível, os pesquisadores desenvolveram um modelo multivariado baseado em espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) para estimar o teor de óleo essencial da madeira de E. erythropappus. Essa ideia foi aplicada na tese de Janice Ferreira do Nascimento, que defendeu seu doutorado em Engenharia Florestal na UFLA, sob orientação dos professores Cláudio Davide e Lucas Amaral e colaboração dos professores Paulo Fernando Trugilho e Paulo Ricardo Gherardi Hein.

Os pesquisadores desenvolveram um modelo para estimar o teor de óleo essencial da madeira de E. erythropappus

O professor Paulo Hein, responsável pelas análises com espectroscopia no NIR do DCF, relata que o óleo essencial da madeira, fruto das amostras coletadas em campo, foi extraído em laboratório via hidrodestilação. Ele afirma que o novo modelo proposto permite estimar o teor de óleo essencial de forma rápida e precisa.

“É possível substituir o procedimento padrão para a seleção das árvores com elevado teor de óleo essencial pelas estimativas baseadas no NIR. As estimativas do teor de óleo essencial, realizadas a partir dos espectros no NIR em um conjunto de validação independente, apresentou uma alta correlação (r = 0,89) com os valores do teor de óleo da madeira de candeia determinados em laboratório”, explica o professor.

Além disso, segundo o professor Paulo Hein, estudos realizados no Departamento de Química (DQI) e no DCF da UFLA já atestaram que o conteúdo total de teor de óleo essencial e o componente alfa-bisabolol estão fortemente correlacionados. Assim, ao selecionar os indivíduos com elevado teor de óleo essencial em campo, é possível selecionar indiretamente as árvores com níveis mais elevados de alfa-bisabolol, um produto de alto interesse e valor comercial.

Pesquisa contribui para a formação de estudantes de graduação e pós-graduação

Assim, essa abordagem auxilia no desenvolvimento de estratégias sustentáveis ​​para a utilização industrial de óleo essencial e alfa-bisabolol. “Este modelo pode ser aplicado para orientar os produtores e compradores de óleo de candeia na seleção de árvores com alto teor de óleo antes de abatê-las.  Além disso, essa metodologia permite que estudos genéticos sejam realizados sem a necessidade de cortar as árvores, pois uma grande população pode ser amostrada e caracterizada em termos de teor de óleo”, comenta Paulo Hein.

O artigo científico que apresenta as calibrações e validações do teor de óleo de candeia via espectroscopia no NIR e os detalhes da metodologia foi publicado na revista inglesa Journal of Near Infrared Spectroscopy e seu resumo está disponível em https://www.impublications.com/content/abstract?code=J23_0033

Referência

A UFLA é referência nacional em estudos que envolvem o manejo da Candeia e extração de óleos essenciais. Há mais de 15 anos, o Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf/DCF/UFLA) iniciou um projeto, sob a coordenação do professor José Roberto Scolforo, para o desenvolvimento de sistemas de manejo que garantem a produção sustentável da espécie. O projeto teve a parceria com o Ibama e o Instituto Estadual de Florestas/MG e rendeu a publicação “O Manejo Sustentável da Candeia”, de autoria dos professores Scolforo, Antônio Donizette de Oliveira e Antônio Cláudio Davide.

Texto: Camila Caetano – jornalista, bolsista/UFLA

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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