A preocupação com a sustentabilidade mostra diversos caminhos para reaproveitar os resíduos da agroindústria. No Laboratório de Nanotecnologia Florestal do Departamento de Ciências Florestais da UFLA, a prática alternativa dá lugar a embalagens biodegradáveis. Desde 2011, o professor Gustavo Henrique Denzin Tonoli conduz diversos experimentos com pós-graduandos. “São várias linhas de pesquisa relacionadas à celulose e ao papel. Temos trabalhado com a obtenção de nanofibras celulósicas de forma mais barata e de diferentes fontes e processos para aplicação em embalagens.”

A Agroindústria é um dos principais segmentos da economia brasileira; porém, gera um grande número de resíduos que se não forem aproveitados, podem causar danos ambientais. As pesquisas conduzidas utilizam resíduos agroindustriais, como os de paricá, eucalipto, pinus e fibras não madeireiras como sisal, bambu, juta, palha do milho, cacau e pseudocaule da bananeira. “Nós fazemos filmes finos de nanofibras celulósicas, que são muito mais resistentes e possuem uma maior impermeabilidade em relação ao papel comum. Isso é interessante para obter embalagens com maior barreira à umidade e gases”, explica o professor. A partir de processos mecânicos, as fibras de celulose são “desconstruídas” e os pesquisadores obtêm, então, um gel desse material, que são cadeias de celulose com fios muito finos. “São materiais com características diferentes das fibras que estão em macroescala, mas que quando secam, formam um filme muito resistente ”, diz Gustavo.

O produto obtido com esse filme tem mais impermeabilidade que o papel normal e poderá servir, por exemplo, para uma embalagem de café especial. “Para produtos assim, precisamos de uma embalagem com alta barreira, que não permita a entrada do oxigênio dentro da embalagem, o que faz com que esse alimento sofra oxidação e modificação de suas propriedades sensoriais. Então a embalagem com alta barreira é muito importante para algumas aplicações, principalmente de produtos que tenham alto valor agregado, como o café especial. ”

No Laboratório, também são estudadas as misturas de nanofibras com outros polímeros e macromoléculas de origem vegetal que também podem ser obtidas a partir da madeira, como a lignina e outros polissacarídeos, ou a partir de produtos florestais não madeireiros, como ceras vegetais, resinas vegetais e amidos, comenta o pesquisador. “Esses materiais possuem propriedades bem parecidas com os polímeros sintéticos e podem ser usados para revestimento de papéis. Tudo isso tem sido testado aqui na UFLA com diferentes vegetais e outras técnicas de modificação química. Isso permite que esses papéis tenham suas propriedades melhoradas, buscando torná-los mais impermeáveis. ”

Em outra linha, os pesquisadores avaliam a obtenção dessas nanofibras de celulose a partir de microrganismos (bactérias e leveduras) que, por meio da fermentação de açúcares, produzem nanofibras, como no caso scoby da Kombucha, bebida gaseificada que tem ganhado popularidade no Brasil.

Para o professor Gustavo, essa é uma forma de contribuir para a sustentabilidade do nosso planeta, preservando recursos não renováveis, como os polímeros oriundos do petróleo. “Essas pesquisas contribuem para a otimização das embalagens de papel, com a utilização de materiais totalmente de origem vegetal e ainda recicláveis, buscando propriedades similares àquelas obtidas com polímeros de fontes não renováveis que são usados nas embalagens plásticas convencionais. ”

 

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig

Imagens: Luiz Felipe Souza  - Editor/Dcom   

Edição do Vídeo:  Rafael de Paiva  - estagiário  Dcom/UFLA   

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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