O Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/UFLA) desenvolveu uma pesquisa sobre a reconstrução do clima da Amazônia a partir de anéis de crescimento de árvores. A professora do DCF Ana Carolina Maioli C. Barbosa está à frente dos trabalhos em parceria com o professor David Stahle, da Universidade do Arkansas (University of Arkansas), dos Estados Unidos, e com o pesquisador Jochen Schöngart (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, Brasil).
Nas análises mais recentes, foi observado que existe sincronismo entre as chuvas e o crescimento das árvores da Amazônia e das regiões temperadas do norte e sul das Américas, como explica Ana Carolina: “nos anos de maior crescimento das árvores e de chuvas extremas na Amazônia, ocorre o inverso nas regiões temperadas norte e sul da América; já os anos de menor crescimento das árvores e de secas severas na Amazônia são os anos de maior crescimento das árvores e chuvas nas regiões temperadas do norte e do sul da América”. Isso significa que as árvores de florestas equatoriais e extra-tropicais não estão crescendo independentemente, mas estão sincronizadas por meio das teleconexões climáticas. Essa coerência climática pan-americana é impulsionada em grande parte pelo El Niño e é documentada pela primeira vez com base em cronologias de anéis de árvores da Amazônia oriental.
Os resultados da pesquisa acabam de ser publicados na revista Environmental Research Letters”, juntamente com um filme de divulgação científica. “O idealizador desse filme é o coordenador dos projetos financiados pelo National Science Foundation (NSF), professor David Stahle, que sempre acreditou na parceria com o Laboratório de Dendrocronologia da UFLA e é encantado com nossa Universidade”, afirma Ana Carolina.
A parceria entre os pesquisadores da UFLA, da Universidade do Arkansas e do INPA começou em 2015. Inicialmente, a pesquisa teve o objetivo de identificar áreas e espécies de árvores potenciais para desenvolver cronologias de anéis de crescimento para estudos do clima da bacia amazônica. O grande salto ocorreu com o desenvolvimento da tese de doutorado de Daniela Granato de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFLA, a partir de amostras coletadas de Cedrela odorata, na Floresta Estadual do Paru. “Daniela está na Universidade do Arkansas, como pós-doutoranda, desde 2018, dando continuidade aos trabalhos na Amazônia e fortalecendo a parceria entre os laboratórios”, diz a professora Ana Carolina.
Por conta do trabalho desenvolvido e dos resultados positivos obtidos no decorrer dos anos, a professora Ana Carolina acrescenta que, em julho de 2020, a equipe iniciou o terceiro projeto de parceria internacional intitulado Pan-American Precipitation Extremes and Multi-Decadal Regimes Reconstructed with Tree Ring Chronologies from the Amazon (Extremos Pan-Americanos de Precipitação e Regimes Multi-Decadais reconstruídos com cronologias de anéis de árvores da Amazônia), financiado pelo NSF. Esse projeto consiste na continuação do que vem sendo feito, com o objetivo principal de desenvolver novas cronologias centenárias de anéis de crescimento na bacia amazônica durante os próximos três anos.
Saiba mais sobre a pesquisa na UFLA.
Saiba mais sobre o projeto da Universidade do Arkansas
Texto: Melissa Vilas Boas – Bolsista Comunicação/ UFLA
Edição do vídeo: Luma – Comunicação / UFLA
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