Foi publicado na revista internacional Biological Conservation um  estudo que relata o monitoramento em rede de florestas tropicais no mundo, intitulado “Taking the pulse of Earth’s tropical forests using networks of highly distributed plots” (“Medindo o pulso das florestas tropicais da Terra utilizando redes de parcelas altamente distribuídas”). O artigo, publicado em junho, é resultado do esforço conjunto de diversos pesquisadores de todo o mundo que, juntos, compõem uma rede mundial de pesquisa responsável por monitorar as florestas tropicais mundiais. Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) integram a iniciativa e também assinam o estudo.

Essa rede disponibiliza no site ForestPlots.net os dados coletados. O artigo apresenta informações relevantes sobre a rede e as florestas tropicais mundiais, e mostra essa nova perspectiva de monitoramento mais integrado dessas florestas,  descrevendo como, graças ao trabalho conjunto dos pesquisadores, os parceiros envolvidos puderam observar em quais locais e por quais motivos o carbono e a biodiversidade das florestas tropicais estão, constantemente, respondendo às mudanças climáticas, destacando, ainda, como elas reagem a isso.

Entre os resultados de estudos relatados no artigo, está a observação de que a biodiversidade da floresta tropical está mudando, sugerindo que mais mudanças são inevitáveis. Um grupo de plantas, chamadas lianas (trepadeiras capazes de produzir madeira), está aumentando consideravelmente na Amazônia, por exemplo. Grandes lianas, contudo, contribuem para uma maior mortalidade de árvores. Além disso, a comunidade das árvores está realmente mudando nas florestas tropicais, já que as mudanças climáticas estão induzindo essas mudanças em grande escala.

Ainda sobre a Amazônia, observou-se que as espécies, que estão adaptadas à umidade, enfrentam maiores riscos de mortalidade devido às recentes secas, que tiveram grandes impactos por aumentarem a mortalidade das árvores. Os dados coletados pela rede ainda revelam que a Amazônia está diminuindo. Após décadas de monitoramento das florestas amazônicas, os gráficos mostram que a taxa de aumento no crescimento da floresta está menor, tendo as taxas de mortalidade de árvores aumentaram em algumas regiões.

O artigo destaca, ainda, informações sobre a biomassa e o carbono nas florestas tropicais, revelando que a Amazônia é um grande sumidouro de carbono (possui uma absorção de dióxido de carbono maior do que as emissões), assim como as florestas tropicais africanas. Entretanto, dados analisados mostram que mudanças observadas ao longo do tempo revelam um conjunto de fatores que sugerem que os sumidouros irão diminuir.

Por isso, o estudo destaca como é notório a surpreendente resistência das florestas tropicais, mas também revela como, agora, muitas delas estão chegando ao limite de sua tolerância ao aquecimento global e à seca.

Essas e outras observações feitas pelos pesquisadores, dos mais de cinquenta países que compõem a equipe, evidenciam a importância da existência de redes que buscam a obtenção de respostas sobre o papel das florestas tropicais no mundo. Além disso, esses dados disponibilizados realmente se tornam ainda mais essenciais atualmente, já que diversas mudanças ambientais estão alcançando até mesmo as florestas mais remotas.

Foi justamente com o intuito de contribuir para esse entendimento, e para a conservação e preservação das florestas tropicais, que os membros o Laboratório de Fitogeografia e Ecologia Evolutiva da UFLA começaram a monitorar atentamente as florestas tropicais de Minas Gerais, conciliando dados que vêm desde o final da década de 1980 e disponibilizando-os na rede ForestPlots.net.

O professor Rubens Manoel dos Santos, coordenador do Laboratório, afirma que essa pesquisa é extremamente relevante por unir diferentes grupos de pesquisadores que trabalham em várias florestas tropicais distribuídas pelo planeta e auxiliam na construção de um entendimento de como essas florestas funcionam e o que elas estão sofrendo atualmente. “Somente através de pesquisas como essas teremos uma ideia de como será o planeta para as gerações futuras.”

Além de Rubens, o artigo publicado conta com a colaboração de Camila Laís Farrapo, engenheira florestal do Laboratório que é responsável pelo monitoramento dos dados do grupo da Universidade e pela inclusão deles na rede. O ForestPlots.net, contudo, possui mais participantes da UFLA, os quais não assinam o estudo, mas também fazem parte do Laboratório de Fitogeografia e Ecologia Evolutiva.

Mais sobre as florestas tropicais e o ForestPlots.net

As florestas tropicais são os ecossistemas mais diversos e produtivos de todo o planeta. Por isso, são essenciais para o ciclo do carbono e a manutenção da biodiversidade global, por exemplo. Contudo, esforços voltados para medições e monitoramentos dessas florestas foram, por muito tempo, desconexos uns dos outros, mesmo que uma boa compreensão geral das florestas tropicais traga  benefícios essenciais para o futuro da humanidade.

Com o intuito de mudar definitivamente essa realidade, originou-se, em 2009, o ForestPlots.net. Atualmente, o ForestPlots.net já possui 80 anos compilados em dados coletados. A abordagem principal do site envolve, portanto, unir iniciativas a protocolos padronizados de gerenciamentos de dados para gerar resultados robustos em escalas largamente ampliadas. Ao conectar pesquisadores tropicais de todo o mundo, esse modelo de rede de pesquisa social reconhece o papel-chave do trabalhador de campo, produtor dos dados na descoberta científica.

Dessa forma, o site é composto por diversos estudos internacionais sobre o funcionamento das florestas tropicais ao redor do globo e os ciclos de vida das árvores nelas encontradas, contando, portanto, com dados coletados por aqueles que trabalham para compreender, medir e monitorar essas florestas.

Desde sua criação, o site permite que os pesquisadores de florestas tropicais analisem, armazenem e gerenciem, de forma segura, os dados coletados. Além disso, o nível de acesso aos dados pode ser escolhido pelo pesquisador, que poderá optar por compartilhá-los apenas com um determinado grupo, com todos os colaboradores da rede ou com todos os usuários interessados.

Um aspecto que, por exemplo, é bastante trabalhado pelos contribuidores da rede mundial é a medição individual, em diversos lugares, de todas as árvores das florestas tropicais analisadas. Para isso, os pesquisadores utilizam técnicas bastante padronizadas que garantem, dessa forma, o citado monitoramento conjunto das florestas. Após todos esses anos, o ForestPlots.net possui, agora, dados sobre mais de 5,5 milhões de árvores pertencentes a mais de 18 mil espécies distintas.

No decorrer dos anos, o ForestPlots.net contou com o esforço de mais de 2,5 mil pesquisadores que, juntos, trabalharam para analisar as florestas tropicais de todo o planeta. O site conta com parcerias de diversos países e continentes, como, por exemplo, a Rainfor (América do Sul), a AfriTron (África) e a T-Forces (Sudeste Asiático).

Graças a esse software inovador de análise de dados, essas múltiplas iniciativas estão integradas através da infraestrutura cibernética do ForestPlots.net, que conecta colegas de 59 países e comprova como uma iniciativa de uma plataforma global capaz de unir grupos de pesquisa pode, felizmente, causar um grande impacto positivo em estudos futuros.

De acordo com o professor Rubens, “a participação da UFLA nessa rede de pesquisa é muito importante, justamente por propiciar o intercâmbio entre diversos pesquisadores da área em todo o mundo, o que garante também o desenvolvimento científico das pessoas envolvidas e dos grupos de pesquisa dos quais elas fazem parte.”

Caso deseje armazenar seus dados no ForestPlots.net, o pesquisador pode entrar em contato com os organizadores responsáveis por meio do e-mail admin@forestplots.net.

 

Texto: Claudinei Rezende, bolsista Pibec.

Revisão: Ana Eliza Alvim.

 

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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