Pesquisa liderada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) resultou em uma lista atualizada de espécies exóticas invasoras no Brasil. Obtido após consultas públicas e análise de consenso, o artigo com a lista aponta 444 espécies invasoras, sendo 254 animais, 188 plantas e duas algas. Os resultados ainda revelam que algumas dessas espécies foram introduzidas no País no início da colonização europeia, em 1500. Porém, a maioria dos primeiros registros data do século passado e 88 deles (20% do total) após o ano 2000.

A lista representa a tentativa mais abrangente até agora de catalogar todas as espécies não nativas em escala continental para um país muito diverso. É o que explica o principal autor do estudo e professor do Instituto de Ciências Naturais (ICN/UFLA), Rafael Dudeque Zenni. “Apesar de esforços passados na compilação de listas de espécies invasoras e no reconhecimento da utilidade delas para a política e a gestão, todas acabam ficando desatualizadas devido ao aumento do número e da propagação de espécies invasoras. Assim, tínhamos dois objetivos: fornecer uma lista atualizada e integrar todos os dados em uma única fonte, utilizando os mesmos critérios para definir espécies invasoras em todos os grupos biológicos avaliados (algas, plantas e animais) e habitats.”

A lista também fornece suporte técnico e científico para a implementação de medidas eficazes para a prevenção, detecção e gestão de invasões biológicas no Brasil, as quais impactam negativamente a sociedade de diferentes formas. “Algumas espécies invasoras notórias, como o javali, o Aedes aegypti, o mexilhão-dourado e o coral-sol, causam danos e prejuízos imensos à saúde humana, à segurança alimentar e à biodiversidade. O reconhecimento dessas espécies como invasoras no País permite o desenvolvimento e a adoção de medidas necessárias para mitigar os impactos das invasões biológicas sobre a biodiversidade, os ecossistemas e a qualidade de vida das pessoas”, acrescenta Rafael.

Para a elaboração da lista, o primeiro passo foi reunir dados sobre espécies exóticas invasoras existentes na literatura científica, em relatórios técnicos e em bases de dados. Foram reunidos, nessa fase, dados sobre as espécies e os seus registros de ocorrências em ecossistemas no Brasil, incluindo na água doce, no mar e na terra. A lista preliminar produzida foi, então, submetida a duas rodadas de consulta pública para avaliação e revisão. Na primeira rodada, cerca de 500 profissionais da área ambiental e pesquisadores foram convidados a contribuir. Na segunda, foram quase 700. Após a avaliação criteriosa das sugestões recebidas, foi produzida a lista final de consenso.

Mais sobre o estudo e a equipe

O artigo Invasive non‑native species in Brazil: an updated overview” (“Espécies invasoras não nativas do Brasil: um panorama atualizado”) foi publicado em abril pela revista científica Biological Invasions. Além de Rafael, participaram do estudo os egressos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada Ana Carolina L. de Matos, Marina L. Bueno e Jonathan W. Almeida. Gustavo Heringer, atual pós-doutorando da UFLA e da universidade alemã Nürtingen-Geislingen University (HfWU), também foi um dos autores.

Compartilham, ainda, a autoria do artigo os pesquisadores Sílvia R. Ziller, Patricia B. Puechagut e Beloni T. P. Marterer, do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental; Clarissa A. da Rosa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Rafael B. Sühs, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e Carlos H. T. Silva, José Renato Legracie-Júnior e Tatiani Elisa Chapla, do Ministério do Meio Ambiente.

As atividades que deram origem à publicação foram financiadas pelo Global Environment Facility (GEF), por meio do Projeto 029840 – Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas – Pró-Espécies: Todos contra a extinção. O Projeto Pró-Espécies é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e executado pelo WWF-Brasil.

Toda a pesquisa, desenvolvida ao longo de três anos, foi realizada também no âmbito da Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, iniciativa do Ministério do Meio Ambiente instituída pela Resolução Conabio 07/2018, que consolida diretrizes e decisões da Convenção sobre Diversidade Biológica aplicadas às diversas instâncias nacionais de governança ambiental.

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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