O Brasil tem, hoje, 2,3 milhões de hectares plantados com café. Minas Gerais tem 48,8% da produção nacional. O presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Baldonedo Napoleão, destacou, na abertura da 9ª Expocafé, que terminou este mês, na Fazenda Experimental da Epamig em Três Pontas, que o Governo de Minas tem dado atenção especial à cafeicultura do Estado. Ele citou o recente Programa Agrominas Café e o fortalecimento das pesquisas da Epamig, relacionadas ao produto. “Se Minas fosse um País, seria o maior produtor de café do mundo”, lembra Baldonedo. No mesmo evento, o prefeito de Três Pontas, Paulo Luís, disse que o café tem sido muito importante para manter o homem no campo e continua sendo grande gerador de emprego e renda.
Mas, em que pé estão as pesquisas que fortalecem a cultura do café em Minas Gerais?
O acompanhamento das lavouras através do geoprocessamento
Segundo a pesquisadora, e uma das coordenadoras do Laboratório de Geoprocessamento do Centro Tecnológico Sul de Minas (Epamig/CTSM), Tatiana Chquiloff, a contribuição da Epamig é grande: “Nós trabalhamos com o diagnóstico de ambientes cafeeiros, fazemos monitoramento e definimos onde e como o café está inserido nas principais regiões de Minas. Já temos oito anos de pesquisas. Este trabalho da Epamig é pioneiro na área do café. Além dos pesquisadores, também são beneficiados por este estudo de ponta os produtores rurais, as cooperativas, as prefeituras e o Governo do Estado”, explica a pesquisadora.
Os levantamentos mostram algumas informações interessantes. “Por exemplo: Em Machado, a área cafeeira aumentou, enquanto em Patrocínio, ela diminuiu em 2% – o que não significa que a produção tenha caído. São Sebastião do Paraíso tem uma área difícil de ser mapeada, por causa dos solos, mas vimos que a área cafeeira não diminuiu nem cresceu nos últimos oito anos. São dados como esses que a gente consegue obter com essa metodologia”, diz Tatiana.
A metodologia desenvolvida para a produção do mapeamento e a caracterização do ambiente cafeeiro está disponível no site da Epamig: www.epamig.br/geosolos.
Experimentos da Epamig apontam grande redução de custo em sistema de adubação em lavouras de café adensadas
A informação é do Engenheiro Agrônomo da Epamig/CTSM, Felipe Campos. De acordo com o pesquisador, a Epamig pesquisa há alguns anos os diversos sistemas de adubação de lavouras de café. A novidade mais recente é a vantagem descoberta em relação à adubação no sistema de plantio adensado, em que o produtor planta até 10 vezes mais mudas por hectare do que no plantio tradicional. Ele explica: “Em experimentos anteriores, nós tivemos evidências de que eram diferentes as doses utilizadas de fertilizantes para o plantio tradicional e para o plantio adensado. Depois de algumas análises, chegamos à conclusão de que é possível termos redução de até a metade da adubação que era preconizada anteriormente para os cafeeiros adensados. A descoberta traz uma grande economia financeira e possibilita a otimização da utilização de fertilizantes utilizados na cultura do cafeeiro”, diz. Um exemplo citado pelo Engenheiro Agrônomo: “De 1.500 kg de fertilizantes por hectare, nas nossas condições experimentais, nós conseguimos reduzir em torno de 700 kg por hectare e com a mesma produtividade”, comemora. Esse resultado já está sendo passado para os produtores.
Pragas do Cafeeiro
Dois pesquisadores da Epamig desenvolvem, no CTSM, pesquisas nessa área: Júlio César de Souza e Rogério Antônio. “Atualmente nós temos um grande trabalho com a colchonilha da raiz, que era um problema seríssimo no Brasil, persistia há 60 anos. Mas, foi solucionado pelo trabalho dos entomologistas da Epamig. Outro grave problema que a Epamig conseguiu controlar foi a praga das cigarras do cafeeiro. Os inseticidas utilizados para o controle desta praga eram altamente tóxicos e hoje o controle tornou-se fácil, totalmente eficiente, e com bom retorno econômico para os produtores”, diz o pesquisador.
Já o pesquisador Rogério Antônio, destaca a preocupação da Epamig também com a preservação do meio ambiente: “Nós estamos procurando alternativas de produtos que combatam as pragas mas que não agridam o meio ambiente; buscamos tecnologias para um manejo integrado de pragas. Quero dizer que procuramos controlar as pragas sem destruir seus inimigos naturais, para que tenhamos um controle biológico eficiente. Com isto, o produtor vai produzir seu café, por exemplo, com qualidade e preservando o agroecossistema”, explica Rogério.
De acordo com os pesquisadores, também os pequenos agricultores têm acesso às tecnologias da Epamig: “O trabalho da Empresa não fica só dentro dos seus laboratórios e de suas Fazendas Experimentais. O pesquisador gosta de lidar no campo, diretamente com os produtores. Fazemos muitos dias-de-campo, palestras; produzimos publicações, como as circulares técnicas, os boletins técnicos, a revista Informe Agropecuário, dentre outras, para repassarmos as tecnologias geradas, para que os produtores possam ter, através dessas novas tecnologias, uma produção de qualidade e possam conseguir o retorno econômico esperado de suas atividades”, garantem.
Desafios
Segundo os pesquisadores, é possibilitar a produção com a preservação do meio ambiente. E a Epamig já caminha nessa linha, afirma Rogério: “Hoje nós temos as produções integradas de frutas, de hortaliças. Também estamos desenvolvendo a produção integrada de café. Isto quer dizer produção de boa qualidade, preservando o agroecossistema. Essas ações são importantes para que possamos ter acesso aos mercados internacionais, que hoje exigem produtos de qualidade e, ao mesmo tempo, a preservação do ambiente onde eles são produzidos”, diz.