Uma em cada três mulheres com mais de 50 anos terá osteoporose, segundo a International Osteoporosis Foundation (IOF), e isso está normalmente ligado à menopausa ou à remoção dos ovários. O tratamento utilizado para evitar a perda da densidade óssea decorrente desses eventos envolve o uso do estrogênio sintético - hormônio sexual feminino. No entanto, esse tratamento é controverso, uma vez que ele já foi associado ao câncer de mama. Mas, um estudo do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Lavras (UFLA) apresentou resultados promissores na prevenção de doenças que causam redução na densidade óssea, como a osteopenia e a osteoporose.

O artigo, intitulado “Flaxseed and mulberry extract improve trabecular bone quality in estrogen-deficient rats” tradução: “Extrato de linhaça e amora melhoram a qualidade do osso trabecular em ratos com deficiência de estrogênio”, foi publicado em fevereiro deste ano pela Climacteric, revista científica oficial da International Menopause Society (IMS). O estudo vem na sequência de produções acadêmicas da UFLA que visam verificar se os relatos clínicos de melhora dos sintomas da menopausa usando extratos de linhaça e folhas de amoreira se confirmam cientificamente.

Para a pesquisa, roedores foram submetidos à retirada dos ovários (ovariectomia) e, sete dias após o procedimento, divididos em cinco grupos. Cada grupo recebeu apenas um dos compostos a seguir: solução salina (grupo de controle), extrato de folhas de amoreira, extrato de linhaça, combinação dos extratos de linhaça e de folha de amoreira, e estrogênio. A pesquisa analisou o fêmur dos animais, pois esse osso, assim como as vértebras lombares, são os ossos mais suscetíveis à deterioração quando há deficiência de estrogênio. A partir disso, o objetivo foi entender se o fêmur dos roedores manteria sua estrutura óssea quando suplementados com os extratos que são compostos ricos em substâncias antioxidantes e compostos fenólicos, sendo alguns com propriedades estrogênicas. 

Após 60 dias da suplementação, os resultados foram avaliados e os achados foram animadores. A conservação óssea dos animais tratados com os extratos foi semelhante à dos tratados com estrogênio. Além disso, os animais tratados com os extratos de linhaça e de folha de amoreira mostraram maior densidade óssea, maior volume ósseo e menor porosidade, em comparação com os animais tratados apenas com solução salina. E ainda, os extratos aumentaram as porcentagens de cálcio, fósforo e magnésio nos ossos dos animais, o que é benéfico para a saúde óssea. A suplementação com os extratos também ajudou na redução da perda óssea, principalmente contra a perda óssea trabecular (parte interna do osso), sendo observada essa perda óssea nos animais sem ação estrogênica e sem suplementação.

De acordo com o coordenador do estudo, o professor do Departamento de Medicina Bruno Del Bianco Borges, os resultados sugerem que os compostos de linhaça e de folha de amoreira apresentam efeitos promissores de proteção contra a perda óssea ligada à deficiência de estrogênio no organismo dos roedores, melhorando a saúde dos ossos e sua integridade estrutural. “No geral, embora seja um estudo em estágio inicial, os dados observados mostram o potencial desses suplementos naturais na prevenção da redução óssea associada à deficiência de estrogênio, o que é observado no sistema ósseo de mulheres com deficiência estrogênica, como ocorre na menopausa e pós-menopausa. Outras etapas de estudos ainda são necessárias para podermos entender melhor sobre quais substâncias presentes nos extratos exercem essa ação protetora, além de analisar e compreender os mecanismos de ação”, explica. 

Bruno completa dizendo que são necessários estudos clínicos para verificar os reais efeitos dessas suplementações, além de verificar possíveis efeitos adversos no organismo das mulheres nesta condição. Esse estudo contou com financiamento das agências de fomento FAPEMIG e CNPq, e foi tema da dissertação de mestrado defendida em 2022, sob a orientação do prof. Bruno, no Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFLA.

Sobre osteopenia e osteoporose

A redução do estrogênio no organismo se torna um problema para as mulheres pelo fato desse hormônio ser responsável por equilibrar as ações dos osteoblastos e dos osteoclastos no tecido ósseo. Essas células são responsáveis, respectivamente, pela formação e reabsorção (destruição) óssea. Sendo assim, a escassez do hormônio no corpo da mulher desregula esse equilíbrio, o que favorece a ação dos osteoclastos (promove destruição óssea) e desfavorece a ação dos osteoblastos (formação óssea) levando a perda de tecido ósseo, uma condição chamada osteopenia. Em casos mais graves, ocorre grande perda de tecido ósseo levando à osteoporose, condição em que o osso se torna muito frágil e com grande possibilidade de fratura.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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