Mundialmente, a cada 20 segundos um membro inferior - pé ou perna - é amputado em decorrência das complicações do diabetes, os dados são do Grupo Internacional de Trabalho sobre Pé Diabético.

Complicações envolvendo os membros inferiores estão entre as mais comuns em pessoas com diabetes não controlada, o que pode levar à ulceração e até a amputação. Diante dessa problemática, foi desenvolvido um aplicativo inédito para auxiliar na prevenção da úlcera do pé diabético. 

O sistema é fruto de uma pesquisa multidisciplinar entre a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (EENG/UFLA)  e a área da saúde da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

O aplicativo denominado CARPeDia passou pelo teste de usabilidade  em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Lavras (MG). Devido ao grande número de pessoas que convivem com o diabetes, o sistema também é uma maneira de otimizar o trabalho dos profissionais de saúde, em especial enfermeiros e médicos.

O sistema de classificação de risco para a úlcera do pé diabético foi projetado por meio de Redes Neurais Artificiais (RNA), “área da inteligência artificial que busca desenvolver modelos matemáticos inspirados na estrutura neural de organismos inteligentes e que adquirem conhecimento através da experiência”, explica o professor Danton Diego Ferreira (EENG/UFLA). 

Além de Danton, o desenvolvimento do aplicativo contou com a participação do professor Bruno Henrique Groenner Barbosa (EENG/UFLA), do estudante de Engenharia de Controle e Automação da UFLA Felipe Oliveira Chiarini e do egresso do curso de Engenharia de Controle e Automação da UFLA Igor Resende. A tecnologia utilizada tem como base o estudo realizado pela pesquisadora Ana Cláudia Barbosa Honório Ferreira, professora do Centro Universitário de Lavras (Unilavras), e na época, doutoranda em Ciências da Saúde pela Unicamp, sob orientação da professora Maria Helena Baena de Moraes Lopes, onde recebeu menção honrosa do Prêmio Capes de Tese em 2021. O aplicativo foi construído em Linguagem: HTML; Java Script; Python; CSS, e registrado na Inova na Unicamp, em cotutela com a UFLA. 

A professora Ana Cláudia ressalta a importância do aplicativo na prevenção, visto que “muitos pacientes já chegam a Unidade de Saúde com a úlcera instalada nos pés, situações que poderiam ter sido evitadas com mudança de atitudes e autocuidado, uma vez que essa é uma das complicações mais graves do diabetes, que gera grandes danos físicos, psicológicos e sociais ao paciente”. 

Funcionamento

Algumas informações são coletadas de pessoas com diabetes, como hábitos e cuidados com a saúde e com os pés, relato de sinais e sintomas (sensação de dor, pontadas, queimação, perda de sensibilidade em pernas e pés), calçados utilizados, presença ou não de lesões, dentre outras questões, que são respondidas e marcadas por meio do aplicativo. 

Ao final, a RNA gera um percentual de risco que aquele paciente apresenta para o desenvolvimento da úlcera do pé diabético. “O interessante é que o sistema mostra as informações que impactam mais no risco do paciente desenvolver o pé diabético e, como a maioria das informações (fatores) são modificáveis, a equipe de saúde pode atuar diretamente nesses fatores de forma a levar um paciente de alto risco a se tornar baixo risco, baseado em ações de autocuidado”, destaca a pesquisadora Ana Cláudia Ferreira.  

Além disso, o aplicativo apresenta um relatório individualizado com informações para o usuário a respeito dos “hábitos inadequados que ele realiza com o cuidado com os pés, e orientações para mudança de atitude, buscando auxiliar o paciente no autocuidado para a prevenção da complicação, principalmente em relação à mudança de comportamento relacionada aos fatores modificáveis para prevenção”, explica o professor Danton.

Entenda como tudo começou

A pesquisadora Ana Cláudia atua em pesquisas na área de úlcera do pé diabético desde a graduação, e o que lhe intrigava era a grande necessidade de encontrar maneiras que auxiliassem na prevenção dessa complicação. 

Ela conheceu a Inteligência Artificial (IA) por meio dos trabalhos do professor Danton, que lhe apresentou pesquisas que tinham como base as RNAs para diagnóstico de outras doenças. 

“Minha proposta foi desenvolver um sistema que não fosse invasivo, e que não requeresse exames clínicos para o diagnóstico. Logo, o professor Danton e eu iniciamos voluntariamente um trabalho no município de Lavras para levantar um primeiro banco de dados”, ressalta a pesquisadora Ana Cláudia. 

A pesquisa ganhou amplitude e um novo banco de dados foi coletado no município de Juiz de Fora/MG. Como frutos da pesquisa, foram realizadas dissertações e teses, além da publicação de artigos e capítulos de livro, e dois registros de software e um registro de aplicativo. 

Acesse os trabalhos publicados: 

Artigos: 

Competitive neural layer-based method to identify people with high risk for diabetic foot

Noninvasive Approach based on Self Organizing Maps to Classify the Risk of Diabetic Foot 

Non-invasive method to analyse the risk of developing diabetic foot

Capítulo de livro: 

Uso de Inteligência Artificial para predição e prevenção de pé diabético - capítulo de livro

Dissertações:

Risco para desenvolver o pé diabético utilizando redes neurais artificiais: uma tecnologia para o cuidado de enfermagem

Identificação de pacientes com potencial para desenvolver o pé diabético baseada em técnicas de reconhecimento de padrões e ações de auto cuidado

Tese: 

Construção de um classificador de risco para prevenção do é diabético usando redes neurais artificiais 

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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