Dalva de Souza Lobo (Grupo de Pesquisa Intersignos)
Vanderlei Barbosa (Grupo de Pesquisa Mosaico)
Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas, Educação e Letras (FAELCH) - Departamento de Educação
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa
Mario Quintana
Se possível fosse, o que diria o poeta Mário Quintana no atual contexto de pandemia? Certamente, confirmaria a epígrafe, porque a vida é isso mesmo, uns deveres que trouxemos para fazer em casa. Dever e devir. Dever de ser feliz buscando na essência da vida nossos alimentos espiritual e físico, com os quais cumprimos nossa trajetória. Devir porque também o devir nos alimenta. São nossas esperanças num futuro ao mesmo tempo desconhecido, incerto, mas profundamente desejado.
Foi sobre esse futuro que tentamos refletir em “A revolução pelo ócio: lições poético-filosóficas para o século XXI”, pois ele se mostrou ameaçador para muitos e inexistente para tantos diante desse infausto que assolou e assola o planeta. Vimo-nos ironicamente unidos pelo fio da navalha na qual um vírus denominado Sars-CoV-2 causou uma doença conhecida como Covi-19, levando milhares de vidas. Assim, terminamos o ano de 2019 com um drama humanitário anunciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS): a pandemia da Covid-19, que mudaria a configuração da histórica no planeta, revelando a profunda interdependência que existe entre todas as coisas.
Desde esse fatídico 31 de dezembro de 2019, vimos assistindo o pesar de muitos familiares que tiveram suas vidas tragicamente modificadas emocional, social e economicamente, já que a perda de um ente querido abala todas essas estruturas, sobretudo em países menos privilegiados nos âmbitos social, político e econômico. Nesses, a taxa de mortalidade superou 500 mil mortes.
Todavia, apesar de tal situação, propusemos refletir sobre a vida, que se nos apresentou mais urgente do que nunca, parafraseando o escritor e filósofo, Alberto Camus. Sem nos distanciar da triste realidade, sentimos a premência de encontrar nos escombros dessa história que testemunhamos um pouco de poesia, não por alienação ou utopia, mas por acreditarmos que a arte pode e muito lançar novos olhares para a vida.
Dessa esperança no devir nasceu “A revolução pelo ócio: lições poético-filosóficas para o século XXI”, um livro-mosaico de pequenos ensaios de urgências. Esta é nossa revolução, uma luta contra os sentimentos que minam a vida.
Diante do drama que nos acomete, elegemos tecer algumas lições, recorrendo a pequenas doses de arte, precisamente a poesia. Entre tantas possibilidades de escolhas, elegemos fazer vida, fazer futuro e chamar utopias, traduzindo deveres e devires em alimento e esperança. Esta é a lição.
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