Carnes mais saborosas, suculentas e com alto valor nutritivo. A combinação, perfeita para o paladar e a saúde humana, é pesquisada pelo professor do Departamento de Zootecnia da UFLA Márcio Machado Ladeira, a partir da perspectiva da nutrigenômica, ciência que busca compreender como os nutrientes podem estimular ou inibir a expressão dos genes.
Embora a molécula de DNA contenha todas as informações genéticas de um organismo, os genes que a constituem podem se expressar de maneiras distintas ao longo da vida. A alimentação administrada aos bovinos antes mesmo de seu nascimento, por intermédio da nutrição materna, influencia a expressão de genes fundamentais na definição da qualidade e do valor nutricional da carne. Uma das características afetadas é o marmoreio ou gordura intramuscular, que interfere no sabor e na suculência.
“Na fase pré-natal, a nutrição materna afeta a diferenciação e a proliferação de células de gordura, aumentando o potencial para produção de carne marmorizada. Já na fase final da vida dos ruminantes, o marmoreio torna-se amplamente dependente da energia e do metabolismo da glicose”, explica Ladeira.
O pesquisador ressalta a importância desse conhecimento para o setor pecuário. “Com base no conhecimento em nutrigenômica, pode-se buscar produzir substâncias ou compostos químicos que atuem na regulação da expressão gênica, melhorando a qualidade da carne”, afirma. Além disso, vários nutrientes da dieta também podem agir regulando os genes.
Além do paladar, a saúde humana também pode ser beneficiada pela expressão genética. A alimentação bovina interfere no perfil dos chamados ácidos graxos, que participam da composição das gorduras usadas como fonte de energia pelo organismo humano. Tais gorduras podem ser insaturadas, produzindo benefícios para saúde, ou saturadas, que podem trazer malefícios.
“A modulação da expressão genética pode contribuir para reduzir as gorduras saturadas e aumentar as gorduras insaturadas da carne bovina, atuando como uma aliada da saúde humana, inclusive na inibição de doenças como o câncer”, afirma Ladeira.
Reportagem: Gláucia Mendes, jornalista - Dcom
Edição do Vídeo: Luiz Felipe Souza Santos - estagiário Dcom/UFLA