fabricação da nanofibra

Estudo também possibilitou a criação de uma startup para levar a nova tecnologia ao campo.

Pesquisa, inovação e tecnologia andam juntas na agricultura 4.0. Com o desafio mundial de garantir alimento de qualidade para milhões de pessoas, ao mesmo tempo em que se prioriza a redução de impactos ambientais, o mercado agrícola tem buscado, na inovação e na tecnologia geradas por pesquisas, novas formas de cultivo, com uso de materiais biodegradáveis, liberação controlada de insumos e com controle hídrico do solo.

A tese de doutorado desenvolvida por Ana Carolina Cortez Lemos no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biomateriais da Universidade Federal de Lavras (UFLA) é um exemplo de como a pesquisa pode auxiliar na produção sustentável de alimentos. A pesquisa utiliza a Solution Blow Spinning (SBS), técnica de fiação de sopro desenvolvida em 2009 por pesquisadores brasileiros e norte-americanos, para obter teias não tecidas de micro e nanofibras que melhoram o isolamento de som e temperatura, aumentam a retenção de líquido e são promissoras para diversos usos. “A técnica SBS é de baixo custo e pode ser usada em aplicações na plasticultura, em taludes de encosta de beirada de estrada, na biomedicina, em cosméticos, em revestimentos de embalagens de alimentos, na nutrição e saúde animal, em energias renováveis, entre outas”, explica Ana Carolina. 

As mantas de nanofibras foram produzidas a partir de polímeros com potencial biodegradável, semelhante a um produto já existente no mercado. “Esses polímeros juntos ainda são pouco explorados nas publicações, principalmente nesse processo do SBS. Foi feito um estudo sobre a biodegradação desses materiais e da junção deles com grafeno e fertilizantes”.

O projeto contemplou duas vertentes. Na primeira fase, foi pesquisado o uso desses polímeros com aplicação e uso de herbicidas, sendo feitos testes no cultivo de milho. Conforme a manta de nanofibras foi se biodegradando, a liberação dos herbicidas ocorreu de forma lenta e controlada, minimizando o impacto no solo. “O que acontece muito com o herbicida é que há a interação com o solo e com a água, sem contar que o volume aplicado é alto, pois há perdas por evaporação. Quando encapsulamos esses herbicidas em materiais biodegradáveis não prejudiciais ao solo, além de ajudar nessa liberação lenta e controlada, a quantidade liberada também é menor, sendo mais viável seu uso e melhor para o meio ambiente”, comenta Ana Carolina.

Na outra fase da pesquisa, Ana Carolina produziu o produto mínimo viável (MVP) para liberação lenta de fertilizantes de eficiência aumentada na produção de flores. “Adicionamos o macro e o micronutriente e, em seguida, usamos essa solução no SBS, depois colocamos essa manta de nanofibra no solo ao fazer o plantio. No decorrer do tempo, essa manta vai se degradando e liberando esses nutrientes, que vão ajudar no desenvolvimento da planta, dispensando o uso de outros métodos, melhorando a qualidade com a padronização das flores, reduzindo o custo de mão de obra para o produtor e o impacto no meio ambiente”.

Além do produto gerado e de benefícios, como a economia de água, já que a manta retém umidade do solo; a fácil aplicação, feita de acordo com a demanda de cada planta (produto personalizável); e o aumento de produtividade, o novo produto possibilitou aos pesquisadores a criação de uma startup. Em 2020, Ana Carolina e seu orientador, o professor Juliano Elvis de Oliveira, da Escola de Engenharia, participaram da Chamada Grafeno, edital 01/2020 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). “O projeto da Ana Carolina parte da bancada, onde ela fez o preparo das soluções, os testes, e chega a um modelo de negócios com um produto real para a sociedade, com foco na liberação sustentável de insumos agrícolas para tornar alguns processos mais fáceis”, comenta o professor Juliano.

Para Ana Carolina, a criação da startup abriu seus horizontes para o empreendedorismo. “A publicação dessas chamadas que dão oportunidade de nossas pesquisas saírem do papel e serem aplicadas de fato é uma oportunidade de terminar nosso processo e fazer surgir até nossas empresas, nossas startups. A pesquisa tem muita coisa interessante e às vezes não tinha tanta divulgação”. 

Ao final da pesquisa, a tese de Ana Carolina possibilitou a montagem do SBS que será utilizado em outros estudos, a publicação de vários artigos e de um capítulo de livro da editora científica Springer. Também resultou, em 2018, em um pedido de patente de nanofibras poliméricas para liberação lenta de insumos agrícolas.

 

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



Plataforma de busca disponibilizada pela PRP para localizar grupos de pesquisa, pesquisadores, projetos e linhas de pesquisa da UFLA