Objetos que são arrastados ou caem no chão podem causar danos nos pisos de madeira no decorrer do tempo. Até mesmo os saltos finos, que concentram o peso em um determinando ponto, podem danificar o piso. Ao consumidor seria útil saber qual é a madeira ideal para instalação em diferentes locais. Em áreas comerciais, onde há grande circulação de pessoas, por exemplo, é indicado um piso mais resistente a pressões concentradas. Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Lavras (UFLA) têm proposto o estabelecimento de classes que permitam indicar a resistência de diferentes pisos de madeira.
Segundo os pequisadores, apesar de existirem normas internacionais que especificam a forma como os pisos devem ser testados e avaliados, elas não estabelecem quais são os resultados desejáveis para os ensaios. Desde 2005, trabalhos vêm sendo desenvolvidos nos Laboratórios do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira (PPGCTM), do Departamento de Ciências Florestais (DCF) da UFLA, com o objetivo de propor o estabelecimento de normas nacionais pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), assim como classes para a resistência dos pisos de madeira. De acordo com os professores orientadores das pesquisas, José Reinaldo Moreira da Silva e José Tarcísio Lima, esses padrões permitiriam aos consumidores fazer a escolha do piso certo para cada local, amparados por especificações técnicas. Assim, um órgão de controle como o Inmetro poderia fiscalizar a qualidade de cada piso produzido.
A pesquisa de mestrado da engenheira florestal Mônica Bezerra de Oliveira, concluída recentemente, selecionou quatro tipos de pisos prontos, fabricados por empresa do estado de São Paulo. As madeiras utilizadas são das espécies ipê, cumaru, amêndola e sucupira. O material passou por quatro ensaios, em equipamentos construídos na própria Universidade e que são exclusividade da instituição. “Já recebemos na UFLA pesquisadores de diferentes regiões do país, que utilizaram os equipamentos desenvolvidos para realizarem suas pesquisas”, relata o professor Reinaldo. No estudo feito por Mônica, foi possível apurar diferenças na resistência dos pisos, propondo classes de valores para indicar resistência alta, intermediária ou baixa. Os pisos feitos de ipê e cumaru foram os de melhor desempenho em todos os ensaios, ficando a sucupira em faixa intermediária e a amêndola na baixa.
Mônica deixa claro que o resultado não significa que o piso de menor resistência seja de má qualidade. “O objetivo do trabalho era conhecer o nível de resistência dos diferentes pisos e estabelecer classes que sirvam para analisá-los. Cada um deles pode ser muito eficiente se aplicado no ambiente correto”, explica ela. “O que precisamos é justamente que as normas indiquem quais as classes de resistência são aceitáveis para cada piso de madeira. Nosso trabalho conseguiu contribuir com a análise dessas quatro espécies”.
Para Mônica, o trabalho foi compensador: “O fato de termos proposto, com a pesquisa, classes de referência para a apuração da resistência desses pisos foi gratificante para mim. Já me sinto motivada a continuar os estudos no doutorado”, disse. Seu trabalho foi o quarto produzido, desde 2005, utilizando os equipamentos do Laboratório de Propriedade Física e Mecânica da Madeira para verificação de resistência de madeiras.
Saiba quais são os ensaios feitos