Mais de mil projetos de pesquisa científica em desenvolvimento cadastrados no SigAA, com 776 professores, 96 técnicos administrativos e 1583 estudantes envolvidos - esses são números que dão uma mostra da ciência produzida pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). O acesso a esse conteúdo pode ser feito por meio da Plataforma Descubra Ciência.
Para divulgar a ferramenta e marcar o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador Científico em 2025 (8 de julho), uma ação foi realizada no Centro de Convivência da UFLA (assista ao vídeo inicial da campanha). Além de permitir a consulta e localização de pesquisadores e temas de estudos em execução na Universidade, a plataforma on-line busca conectar as necessidades da sociedade com os fluxos de pesquisa científica da Instituição, permitindo que a comunidade envie ideias e sugestões para inspirar os cientistas da UFLA em novos estudos. Permite também que empresas proponham parcerias para o desenvolvimento de projetos. Saiba mais sobre plataforma.
Fruto de um projeto desenvolvido pelo servidor Vitor Anacleto Rodarte Andrade, em março de 2020, da então Pró-Reitoria de Pesquisa, em parceria com a Diretoria de Comunicação (Dcom), a plataforma foi ampliada em 2023 e encontra-se ativa para interação com o público. A consulta a pesquisas em andamento está disponível para acesso dentro do câmpus, e estará acessível ao público externo a partir de 15/7. As demais frentes da plataforma já permitem a interação do público externo. Participam da iniciativa atualmente a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), a Diretoria de Inovação e Tecnologia (Dintec) e a Dcom, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
A data de 8 de julho busca reconhecer o trabalho social dos cientistas, estimular o debate público sobre a ciência e a divulgação de conteúdos científicos a públicos não especializados.Para o pró-reitor de Pesquisa e Inovação em exercício, e diretor de Tecnologia e Inovação, professor Paulo Henrique Montagnana, a divulgação e popularização da ciência é um grande desafio em um mundo altamente conectado, em que a desinformação precisa ser combatida. “Iniciativas como a Plataforma Descubra Ciência aproximam a Universidade da sociedade e contribuem para levar a inovação para o mercado, fazendo diferença na vida das pessoas. Esta é a UFLA que queremos, a UFLA que pulsa pela ciência”, diz.
Saiba mais sobre a Ciência UFLA
Além de atuar nas atividades de ensino superior e de extensão, as universidades públicas brasileiras respondem por cerca de 95% da produção científica do Brasil nas bases internacionais, segundo informações veiculadas pela Academia Brasileira de Ciências. Na UFLA, considerando as grandes áreas do conhecimento, as Ciências Agrárias são responsáveis por 44% dos projetos ativos cadastrados no SigAA, seguidas por Ciências Exatas e da Terra e pelas Engenharias (13% cada uma). Os projetos, além de congregar professores, estudantes e técnicos administrativos, contam também com 586 pesquisadores externos.
A professora da Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinária (FZMV) Elaine Maria Sales Dorneles lidera a lista de pesquisadores no SigAA com o número de projetos em que participa. São 66 no total, estando 32 ativos no momento. Ela relata os motivos pelos quais dedica-se a tantos projetos. “Minha principal motivação é a busca contínua por conhecimento e soluções para problemas que afetam diretamente a sociedade e o desenvolvimento do País — especialmente aqueles ligados à produção animal. A pesquisa me permite compreender melhor os desafios da sanidade animal e, por meio da perspectiva da saúde única (One Health), contribuir para o bem-estar dos animais, das pessoas e do meio ambiente”.
Diante dos muitos desafios que fazem parte da rotina na ciência — desde limitações de recursos até a complexidade dos problemas enfrentados — a professora realça que esses obstáculos tornam a caminhada científica instigante e necessária. “A ciência exige persistência, colaboração e compromisso com a verdade. E é essa jornada que me inspira todos os dias”.
Elaine também destaca como motivação a possibilidade de contribuir para a formação de novos pesquisadores e para despertar neles a mesma paixão pela investigação científica. “Essa é, sem dúvida, uma das maiores recompensas da carreira acadêmica”, diz. A doutoranda Maysa Serpa Gonçalves, orientada por Elaine, por sua vez, é a estudante com maior participação em projetos cadastrados: são 18, sendo dez deles ativos.
“Estar envolvida em diferentes projetos durante a pós-graduação, além de aprofundar meus conhecimentos técnicos em diferentes áreas dentro da sanidade animal, permitiu que eu desenvolvesse outras habilidades, uma vez que cada projeto traz seus próprios desafios e aprendizados, tanto do ponto de vista técnico como pessoal. Além disso, o contato com os produtores me permitiu entender melhor suas realidades e gargalos, saindo do ambiente acadêmico, tanto para aprender como para contribuir com pesquisa aplicada ao campo”, avalia Maysa.
Ciência e pós-graduação
A Pós-Graduação interliga o ensino e a pesquisa científica, contribuindo para a ciência gerada na UFLA. Em 2024 foram 554 trabalhos de conclusão de curso, 378 de mestrado e 176 de doutorado. São mais de dois mil estudantes ativos na pós-graduação stricto sensu. Os brasileiros representam 90% desse total, mas há também os estudantes estrangeiros, que colaboram para uma produção científica em colaboração internacional. O país estrangeiro com maior presença na pós-graduação da UFLA é Moçambique, com 71 pós-graduandos. Depois vem a Colômbia, com 43. Há também estudantes do Peru, Haiti, Honduras, Paquistão, Bolívia, Nigéria, Angola, Equador, Venezuela, Argentina, Irã, Japão, México, Benin, Camarões, Congo, El Salvador, EUA, Etiópia, Gabão, Guatemala, Paraguai, Quênia, São Tomé e Príncipe.
Entre os estudantes da graduação, mil estão envolvidos nos projetos de pesquisa, sendo 649 bolsistas de iniciação científica e 351 com participação voluntária. Jovens do ensino médio, participantes do programa BIC Júnior, gerenciado pela UFLA com apoio da Fapemig, também têm a oportunidade de ter seu primeiro contato com a produção científica. Atualmente são 123 bolsistas dessa modalidade.
Aplicação a tecnologias
Além da ciência básica, que produz conhecimento novo e universal, os trabalhos levam à ciência aplicada, que busca resolver problemas práticos, desenvolver tecnologias, produtos, métodos ou serviços úteis. Segundo dados do Núcleo de Inovação Tecnológica (Nintec), dos 79 acordos de parceria para pesquisa, desenvolvimento e inovação, firmados por pesquisadores da UFLA de 2020 até hoje, uma parcela expressiva transformou descobertas científicas em soluções aplicadas à cafeicultura, engenharia, microbiologia, ciência dos alimentos, entre outras áreas estratégicas. Esse movimento já alcançou mais de 1,3 milhão de reais em transferências de tecnologia, a partir de 2018.