Unanimidade na cozinha, o tomate é um fruto versátil, que cai bem em receitas simples e elaboradas. Nativo da América Central, espalhou-se por todo o mundo, com variadas formas e tamanhos. No Brasil, a variedade mais importante é a do tomate salada, pesquisada no Centro de Desenvolvimento de Transferência de Tecnologia da Universidade Federal de Lavras (CDTT/UFLA), sob a coordenação do professor do Departamento de Agricultura (DAG) Sebastião Márcio de Azevedo.
O principal objetivo da pesquisa é avaliar a qualidade agronômica do tomate de mesa, segmento Salada Indeterminado (maior segmento em importância econômica do tomate de mesa no País), em busca de variedades mais resistentes a pragas e atrativas para os consumidores. Além da qualidade agronômica, a pesquisa visa também relacionar o uso de marcadores moleculares na identificação de genes de resistência às principais doenças do tomateiro, como por exemplo: nematóides causadores de galhas, vira-cabeça do tomateiro, geminivirus, verticílio, vírus do mosaico do fumo e fusarioses.
De acordo com o professor Sebastião, a ideia é obter uma variedade interessante para o produtor, para que não haja utilização excessiva de agrotóxicos e haja mais resistência das variedades. “É um experimento que estamos testando para buscar mais resistência em algumas variedades, coletando o fruto dia a dia para ver a produtividade, classificação e tamanho. A ideia também é que os alunos possam ter esse conhecimento do manejo do tomate e repassar aos produtores futuramente”.
Os resultados do projeto irão contribuir para as pesquisas em melhoramento genético de tomate, possibilitando a obtenção, a médio e longo prazo, de cultivares promissoras para serem utilizadas em sistemas convencionais de produção. Dessa forma, espera-se que o desenvolvimento da pesquisa auxilie positivamente produtores rurais na escolha de materiais mais adaptados às condições de cultivo, promovendo um melhor rendimento produtivo, possibilitando a produção de frutos de maior qualidade e maior rentabilidade. Isso além de levar ao produtor matérias mais resistentes às principais doenças do tomateiro, possibilitando a redução nas pulverizações e, consequentemente, redução dos seus custos.
A produção de frutos de maior qualidade, por meio da seleção de materiais, também possibilita a redução do desperdício de frutos que não atendam às expectativas dos consumidores. Isso porque a escolha dos frutos pelo consumidor é diretamente influenciada pelos aspectos visuais, como coloração, firmeza, tamanho e, especialmente, defeitos. Além disso, atualmente há uma preocupação com a forma de produção, em relação à aplicação de defensivos químicos. A utilização da resistência genética nas cultivares permite minimizar a incidência de doenças na cultura, além de reduzir a aplicação de agrotóxicos.
Para a mestranda em Fitotecnia Synara Silva, integrante do projeto, “quando há uma variedade promissora e produtiva, com frutos grandes e resistência às principais doenças, consequentemente haverá mais qualidade e o mercado valorizará mais. Os produtores que sabem usar a variedade certa, os insumos corretos, a colheita adequada, são altamente valorizados pelo mercado e ganham muito com isso”.
O desenvolvimento da pesquisa
A pesquisa teve início em janeiro e, após o transplantio das mudas, foram realizadas diversas etapas de manejo semanal, como fertirrigações (injeção de fertilizantes via água de irrigação, utilizando sais minerais); controle de pragas e doenças, de forma preventiva e curativa; estaqueamento, utilizando mourões e arames próprios para dar suporte físico às plantas; amarrio, realizado para a condução da planta, e desbrotas, ou eliminação dos brotos laterais que surgem nas axilas de cada folha durante todo o ciclo da cultura.
As primeiras avaliações ocorreram 60 dias após o transplantio, por meio da distribuição de notas que variavam de um a cinco. Os atributos avaliados foram: precocidade, vigor da planta, altura, pegamento de frutos, tamanho de frutos, formato de frutos e resistência a doenças. As notas foram aplicadas em cada parcela de cada material, nas suas quatro repetições. Após isso, foi realizada a análise estatística desses parâmetros.
A colheita dos frutos iniciou após cerca de 90 dias do transplantio e estão sendo feitas a cada sete dias. As avaliações são realizadas em várias etapas. Após colher e classificar o tomate, com o objetivo de chegar à variedade mais resistente, é utilizada a biotecnologia, por meio de marcadores moleculares que identificam os genes de resistência às doenças.
Para chegar a esses marcadores moleculares, há uma parceria entre os Departamentos de Agricultura (DAG) e o Departamento de Biologia (DBI). “As análises feitas no laboratório são muito importantes, e como o DBI já trabalha com os marcadores moleculares, estamos trabalhando juntos para buscar as resistências do tomate e outras olerículas também. A pesquisa é continua; se não conseguirmos uma variedade neste primeiro momento, iremos continuar os trabalhos de melhoramento tradicional utilizando a biotecnologia, por meio dos marcadores moleculares, para encontrar materiais melhores e que tenham os genes de resistências nessas variedades”, conclui Sebastião.
Texto: Melissa Vilas Boas – Bolsista Comunicação / UFLA
Imagens: Sérgio Augusto - Comunicação/ UFLA
Edição do Vídeo: Luiz Felipe - Comunicação / UFLA