Um estudo publicado na revista "Trends in Ecology & Evolution", com a participação do professor e pesquisador do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade Federal de Lavras (Ictin-UFLA) Gustavo Hallwass, lançou luz sobre a importância do conhecimento multidimensional dos pescadores na ciência pesqueira e aquática. A pesquisa, que contou com a participação de pesquisadores de outras universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e de países como Estados Unidos e Canadá, ressalta o papel vital dos pescadores artesanais de pequena escala na segurança alimentar e bem-estar global, especialmente em regiões subdesenvolvidas.

A pesquisa analisou 179 publicações, selecionando 156 exemplos de estudos sobre o conhecimento de pescadores locais e indígenas em relação a uma grande diversidade de organismos e diferentes ecossistemas aquáticos. Hallwass destaca que os resultados demonstram que o conhecimento dos pescadores pode oferecer insights únicos sobre uma variedade de tópicos, como mudanças climáticas, impactos ambientais e a dinâmica da pesca, que muitas vezes estão fora do alcance dos estudos científicos convencionais.

“O estudo também apontou para a convergência entre os métodos de registro de conhecimento dos pescadores e os métodos tradicionais de coleta de dados biológicos, sugerindo que ambos devem ser usados de forma complementar. Além disso, argumenta-se que o conhecimento não só dos pescadores ribeirinhos ou indígenas, mas também de populações tradicionais, deve ser reconhecido, valorizado e aplicado em pesquisa científica, manejo e conservação de recursos naturais, bem como em processos de tomada de decisão”, ressaltou o professor.

A pesquisa reforça que o conhecimento indígena e local dos pescadores tem contribuições multidimensionais para a ciência da pesca e dos ecossistemas aquáticos, desde a gestão e conservação até a ecologia e avaliação de impactos ambientais. No entanto, os desafios persistem em sustentar e valorizar este conhecimento e incluir os detentores de conhecimento indígena e local dos pescadores (ILK - Indigenous and local knowledge) na gestão de recursos e na tomada de decisões.

“A integração do ILK com a ciência moderna tem potencial para enriquecer a compreensão dos ecossistemas aquáticos e da pesca de pequena escala. Exemplos incluem o uso de sistemas de informação geográfica para mapear recursos pesqueiros e análises de isótopos estáveis para estudar as dietas dos peixes. No entanto, o reconhecimento e a integração do ILK em programas formais de gestão e conservação ainda enfrentam barreiras significativas, incluindo resistência política e burocrática. Além disso, é crucial abordar as questões éticas relacionadas à propriedade e uso do conhecimento indígena e local dos pescadores”, explica Gustavo Hallwass.

Ainda, segundo o pesquisador, o estudo apontou que o futuro sustentável da pesca e dos ecossistemas aquáticos depende do reconhecimento e do apoio das populações tradicionais (indígenas, locais, entre outros). E que é essencial que os povos indígenas e as comunidades locais tenham um papel ativo na governança das pescarias e na tomada de decisões. “Desta forma, a pesquisa colaborativa com pescadores pode ser um caminho para uma abordagem de gestão mais inclusiva e eficaz, valorizando o conhecimento tradicional como um componente vital da ciência e da gestão ambiental”, diz.

O envolvimento de pesquisadores da UFLA neste estudo reforça o perfil científico da comunidade acadêmica e gera reconhecimento para a sociedade como um todo. “A pesquisa traz novos insights científicos e potencialmente impulsiona inovações e tecnologias, alinhando-se com os objetivos do câmpus de Paraíso. Este estudo é de relevância significativa para o Brasil e o mundo, demonstrando a importância de considerar o conhecimento de populações tradicionais, rurais e ribeirinhas na gestão e conservação de recursos naturais e na tomada de decisões, contribuindo assim para um futuro mais sustentável e inclusivo”, afirma o professor.

O estudo “Fishers' multidimensional knowledge advances fisheries and aquatic science (O conhecimento multidimensional de Pescadores leva a avanços nas ciências pesqueira e aquática”, publicado na revista "Trends in Ecology & Evolution" pode ser acessado neste link: https://doi.org/10.1016/j.tree.2022.10.002.

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

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