O documento foi publicado na segunda-feira (4/9) e traz recomendações para o enfrentamento de espécies exóticas invasoras

O mosquito Aedes aegypti é um exemplo das mais de 500 espécies exóticas invasoras existentes no Brasil. Nativo do Egito, ele chegou ao País no período colonial e, atualmente, causa doenças como dengue, zika e chikungunya. Dados, ferramentas e recomendações para o enfrentamento dessas espécies, consideradas um dos cinco principais agentes de mudanças globais, que ameaçam a natureza, a economia, a segurança alimentar e a saúde humana, são apresentadas no relatório lançado, na segunda-feira (4/9), pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). O professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Rafael Dudeque Zenni é um dos autores da publicação. 

De acordo com o documento, mais de 37 mil espécies exóticas foram introduzidas em regiões e biomas distintos do de sua origem e conseguiram se adaptar, reproduzir e até mesmo colonizar o ambiente. Nem todas são consideradas invasoras; esse subgrupo é constituído por cerca de 3,5 mil delas, que provocam impactos negativos à natureza e, com frequência, também aos seres humanos. Elas têm um papel-chave em 60% das extinções mundiais de plantas e animais, e causam custos anuais superiores a 423 bilhões de dólares por ano. 

Elaborado por 86 especialistas internacionais, de 49 países de todas as regiões do mundo, o relatório é o trabalho mais exaustivo já realizado sobre o assunto. Ao longo de quatro anos e meio, foram consultadas mais de 13 mil referências científicas, incluindo contribuições significativas de povos indígenas e comunidades locais. 

Como um dos autores líderes do capítulo dedicado ao manejo dessas espécies, o professor Rafael participou da revisão dos programas globais, nacionais e regionais de manejo e políticas públicas sobre espécies exóticas invasoras. Em sua contribuição, apresenta evidências sobre as ações que funcionaram ou não, bem como recomendações das melhores práticas a adotar para o enfrentamento dessas espécies.

As invasões biológicas constituem um desafio para todas as regiões e países do globo. O relatório aponta que 34% de seus impactos foram registrados na América, 31% na Europa e Ásia Central, 25% na Ásia e no Pacífico e cerca de 7% na África. A maioria dos impactos negativos (cerca de 75%) foram registrados no meio terrestre, especialmente em florestas, áreas arborizadas e áreas cultivadas, e um impacto bem menor foi observado em habitats de água doce (14%) e marinhos (10%).

Os especialistas do IPBES destacam que, em geral, as medidas adotadas para fazer frente aos desafios  ainda são insuficientes. Embora 80% dos países possuam objetivos relacionados à gestão de espécies exóticas invasoras em seus planos nacionais de biodiversidade, apenas 17% dispõem de leis ou normas para abordar especificamente essas questões.

Apesar disso, apontam que é possível obter avanços significativos no manejo essas espécies, por meio da adoção de medidas como: consideração de políticas e códigos de conduta; compromisso e dotação de recursos; conscientização e participação pública, por meio de campanhas de divulgação científica cidadã; sistemas de informação abertos e interoperáveis; governança inclusiva e justa.  

Eles ressaltam, ainda, que a prevenção de invasões biológicas, por meio do controle de importação e medidas fronteiriças de biossegurança, por exemplo, ainda é a melhor e mais econômica forma de lidar com a questão.

O relatório de avaliação das espécies exóticas invasoras foi aprovado por representantes dos 143 países-membros do IPBES.

Espécies exóticas no Brasil

Há mais de 500 espécies exóticas invasoras apenas no Brasil. Além do mosquito da dengue, outros exemplos são:  o mexilhão-dourado, que já causou mais de 50 milhões de reais em prejuízo às usinas hidrelétricas; o javali, responsável por danos ambientais em mais de 1.000 municípios do Brasil.

Há também várias plantas, como por exemplo os pinheiros e  os eucaliptos, que são espécies amplamente utilizadas nos plantios florestais, mas se não forem controladas e corretamente manejadas podem escapar dos cultivos e começar a invadir e a ocupar ambientes naturais afetando a biodiversidade.

Sobre a IPBES

Com mais de 140 governos-membros, a IPBES é o órgão global que avalia o estado da biodiversidade e da natureza , em resposta aos pedidos dos decisores, e delineia opções para o futuro, com base em diferentes escolhas socioeconômicas.

A missão da IPBES é fortalecer políticas e decisões por meio da ciência, para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, bem-estar humano a longo prazo e desenvolvimento sustentável.

Com informações da assessoria de imprensa da IPBES

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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