A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim do estado emergencial referente à Covid-19 em maio de 2023. No entanto, os impactos causados pela pandemia do coronavírus ainda precisam ser compreendidos. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Lavras (UFLA) analisou como os aspectos comportamentais e psicológicos dos brasileiros afetaram seus estilos de vida, como a alimentação e a prática de atividade física, durante a pandemia.

O interesse pelo tema surgiu a partir de estudos realizados em diversos países, que indicaram que as restrições em decorrência da pandemia de Covid-19 afetaram psicologicamente a população em geral, promovendo um aumento de casos de ansiedade, depressão e estresse. A partir dessas informações, percebeu-se a necessidade de conhecer a realidade dos brasileiros e suas particularidades, a fim de validá-las em âmbito nacional.

Os resultados da pesquisa feita na UFLA indicaram uma redução da intensidade e da frequência com que as atividades físicas eram realizadas durante o isolamento social. Além disso, constatou-se uma relação bidirecional entre o medo da Covid-19 e a prática de atividade física. Ou seja, o medo da doença influenciou na forma como as pessoas se exercitavam, e a redução ou interrupção desse hábito contribuiu para o aumento dos níveis de medo e ansiedade do indivíduo. Também foi observado que os escores de medo e ansiedade foram maiores em mulheres. O estudo revelou, ainda, uma mudança no padrão das atividades físicas, já que as atividades antes executadas em academias ou de forma coletiva passaram a ser exercidas de forma individual e em casa.

A metodologia de pesquisa

A pesquisa foi iniciada em janeiro de 2021 e dividida em quatro etapas. Na primeira etapa foi elaborado um questionário fechado, em que foram abordadas questões relativas a dados demográficos, percepções de saúde, ansiedade, medo da Covid-19 e características das atividades físicas. As perguntas foram baseadas em instrumentos validados na literatura acadêmico-científica.

Na segunda etapa foi feita a aplicação do questionário. Utilizou-se a estratégia conhecida como “bola de neve”, em que uma pessoa encaminha o questionário a várias outras, a fim de ampliar a quantidade de respondentes. O instrumento foi aplicado de forma on-line entre os dias 12 e 31 de janeiro de 2021, divulgado por meio das redes sociais e grupos focais de estudantes e de outras instituições, tendo sido possível alcançar todos os estados brasileiros.

A terceira etapa foi caracterizada pela análise estatística dos dados coletados. A amostra foi composta por 520 indivíduos, com idades entre 18 e 72 anos, os quais 75,19% eram do sexo feminino e 24,81% do sexo masculino.

Na quarta etapa foi feita a interpretação dos resultados. Os dados obtidos nas etapas anteriores, em que os respondentes informaram seus hábitos antes e durante o isolamento social, foram comparados aos resultados de um questionário aplicado à população brasileira na fase inicial da pandemia, em 2020, que avaliou a escala de medo da Covid-19. Essa escala foi desenvolvida e validada pelos mesmos pesquisadores desse estudo, e publicada, em agosto de 2020, no periódico "Death Studies". O nível de ansiedade dos participantes também foi avaliado por meio do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (Idate), que é um instrumento utilizado para quantificar componentes subjetivos relacionados à ansiedade. Cruzando as respostas das pessoas no questionário aplicado em 2021 com a escala de medo da Covid-19 e o Idate, um resultado interessante obtido foi que, para cada aumento na pontuação da escala (medo da doença), a chance de atividade física intensa era reduzida em 3%.

A pesquisa foi concluída em 2022. Ela foi conduzida pelos professores da Faculdade de Ciências da Saúde da UFLA (FCS) Eric Francelino Andrade, Luciano José Pereira e Débora Ribeiro Orlando, pela professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Paula Midori Castelo, e pelo estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/ UFLA) Juliano Paulo Pereira Cardoso. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico “Psychology, Health & Medicine” e também deu origem a uma dissertação defendida em 2023 no PPGCS/UFLA."

O estudo realizado na Universidade, que relacionou o medo da Covid-19 e a ansiedade à prática de atividades físicas, é considerado pioneiro no País. Espera-se que ele ofereça subsídios para que outras pesquisas sejam realizadas e compreenda-se quais as consequências causadas nas pessoas durante e após a pandemia de Covid-19. A partir da obtenção de informações como essas, podem ser planejadas políticas públicas mais eficazes e a população pode ter acesso a dados confiáveis sobre cuidados com a saúde física e mental.

O artigo completo, incluindo tabelas de dados, está disponível em inglês no periódico “Psychology, Health & Medicine”. O estudo que avaliou a escala de medo da Covid-19 pode ser acessado pelo periódico "Death Studies".

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

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