Uma pesquisa coordenada pelo professor do Instituto de Ciências Naturais da Universidade Federal de Lavras (ICN/UFLA) Fabiano Lemes Ribeiro analisou como várias características socioeconômicas e infraestruturais das cidades se relacionam com sua forma espacial e seu tamanho.

Para isso, o professor e os seus colaboradores analisaram modelos matemáticos já existentes sobre o tema e também coletaram dados dos 5.568 municípios brasileiros para desenvolver um modelo próprio para explicar como a geometria, a forma e o tamanho de uma cidade contribuem para as interações entre as pessoas e, consequentemente,  para a sua produtividade e eficiência. Parte da pesquisa gerou um artigo publicado pela revista científica Physics Reports, uma das mais importantes para a comunidade da área de física.

O modelo matemático desenvolvido mostra como fatores naturais (forma, geometria e tamanho) e artificiais (investimentos em infraestrutura, história e cultura) proporcionam ou desfavorecem as interações pessoais dentro de uma cidade. Ao relacionar esses fatores com o número de amigos/colegas de cada cidadão ou o número de estabelecimentos frequentados por tantos indivíduos, por exemplo, é possível analisar como tudo isso auxilia na produção de  riquezas.

Fabiano explica melhor. “No nosso modelo matemático, consideramos que as pessoas se distribuem no espaço obedecendo um padrão e que elas interagem umas com as outras com uma probabilidade que depende da distância entre elas. Quanto mais próximas, mais provável que elas interajam. Assim, cidades com mais condições de mobilidade fazem com que as pessoas interajam mais. A consequência disso, a qual nosso modelo mostra, é que as cidades que proporcionam mais contatos humanos se tornam mais produtivas e inovadoras, consequentemente produzindo mais riquezas.”

Os trabalhos fazem parte de um objetivo mais amplo do professor. “A nossa meta é chegar a uma teoria das cidades: um conjunto de princípios para compreender os fatores que impulsionam o crescimento e o desenvolvimento urbano, descrever como as cidades funcionam e, principalmente, prever como elas reagem frente a adversidades.”

O estudo também explora como esses fatores podem ser aproveitados para criar cidades mais sustentáveis e produtivas no futuro. Com a descoberta de leis e regularidades urbanas, gestores públicos podem tomar decisões de uma forma mais técnica e sistemática.

A pesquisa ainda está em desenvolvimento e futuros estudos terão o objetivo de permitir que o modelo matemático seja colocado em prática pelos interessados, já que irão se concentrar na análise de como cidades específicas se comportam em termos de geometria urbana e produção de riquezas.

Mais sobre o estudo

A pesquisa é baseada em dados empíricos coletados de  diferentes fontes, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), companhias telefônicas e repositórios colaborativos como o OpenStreetMap.

É utilizada uma visualização sofisticada de dados coletados, buscando entender como as características socioeconômicas e infraestruturais das cidades reagem à sua forma e geometria à medida em que elas crescem e evoluem. “A realidade do mundo computacional dos conjuntos de dados automatizados, chamados de Big Data, abriu as portas para a comunidade da física, que é das ciências exatas, analisar e entender a cidade sob uma perspectiva analítica, propondo teorias e sugerindo soluções de otimização de recursos mais eficientes a menores custos”, revela Fabiano.

A publicação e a equipe

Equipe da UFLA envolvida na pesquisa. Da esquerda para a direita: o pesquisador pós-doutor Gabriel Gomides Piva, a estudante de Engrenharia Física Giovanna Miriam dos Reis Castro, o professor Fabiano e o mestrando Renan Lucas Fagundes.

Como resultado dos estudos, foi publicado na Physics Reports, em abril, o artigo “Modelos matemáticos para explicar a origem das leis de escala urbana” (“Mathematical models to explain the origin of urban scaling laws”).

A pesquisa liderada por Fabiano é um esforço colaborativo que envolve estudantes de pós-graduação e pesquisadores de outras universidades nacionais: a Universidade de São Paulo (Usp) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). O estudo também conta com o apoio de instituições internacionais da City, University of London (Inglaterra), do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK, Alemanha) e da Universidade do Porto (Portugal). A pesquisa tem, ainda, o apoio de empresas parceiras, como as startups Greatspace e Spacehunters.

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

Diretrizes para publicação de notícias de pesquisa no Portal da UFLA e Portal da Ciência

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A Comunicação da UFLA, por meio do projeto Núcleo de Divulgação Científica e da Coordenadoria de Divulgação Científica, assumiu o forte compromisso de compartilhar continuamente com a sociedade as pesquisas científicas produzidas na Instituição, bem como outros conteúdos de conhecimento que possam contribuir com a democratização do saber.

Sendo pequeno o número de profissionais na equipe de Comunicação da UFLA; sendo esse órgão envolvido também com todas as outras demandas de comunicação institucional, e considerando que as reportagens de pesquisa exigem um trabalho minucioso de apuração, redação e revisões, não é possível pautar todas as pesquisas em desenvolvimento na UFLA para que figurem no Portal da Ciência e no Portal UFLA. Sendo assim, a seleção de pautas seguirá critérios jornalísticos. Há também periodicidades definidas de publicação.

Todos os estudantes e professores interessados em popularizar o conhecimento e compartilhar suas pesquisas, podem apresentar sugestão e pauta à Comunicação pelo Suporte. As propostas serão analisadas com base nas seguintes premissas:

  • Deve haver tempo hábil para produção dos conteúdos: mínimo de 20 dias corridos antes da data pretendida de publicação. A possibilidade de publicações em prazo inferior a esse será avaliada pela Comunicação.

  • Algumas pautas (pesquisas) podem ser contempladas para publicação no Portal, produção de vídeo para o Youtube, produção de vídeo para Instagram e produção de spot para o quadro Rádio Ciência (veiculação na Rádio Universitária). Outras pautas, a critério das avaliações jornalísticas, poderão ter apenas parte desses produtos, ou somente reportagem no Portal. Outras podem, ainda, ser reservadas para publicação na revista de jornalismo científico Ciência em Prosa.

  • As matérias especiais de pesquisa e com conteúdos completos serão publicadas uma vez por semana.

  • É possível a publicação de notícias sobre pesquisa não só quando finalizadas. Em algumas situações, a pesquisa pode ser noticiada quando é iniciada e também durante seu desenvolvimento.

  • A ordem de publicação das diversas matérias em produção será definida pela Comunicação, considerando tempo decorrido da sugestão de pauta, vínculo do estudo com datas comemorativas e vínculo do estudo com acontecimentos factuais que exijam a publicação em determinado período.

  • O pesquisador que se dispõe a divulgar seus projetos também deve estar disponível para responder dúvidas do público que surgirem após a divulgação, assim como para atendimento à imprensa, caso haja interesse de veículos externos em repercutir a notícia.

  • Os textos são publicados, necessariamente, em linguagem jornalística e seguindo definições do Manual de Redação da Comunicação. O pesquisador deve conferir a exatidão das informações no texto final da matéria e dialogar com o jornalista caso haja necessidade de alterações, de forma a se preservar a linguagem e o formato essenciais ao entendimento do público não especializado.

Sugestões para aperfeiçoamentos neste Portal podem ser encaminhadas para comunicacao@ufla.br.



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